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segunda-feira, 22 de março de 2010

Nu deitado (estudo nº 2)






“Ah, ce que j’aime les femmes; et pas comme un vieux cochon.”
Pierre Auguste Renoir

Parece que, aos setenta e dois anos, Pierre Auguste Renoir terá dito: “Finalmente estou a aprender a pintar”. Boutade ou não, foi nesta fase tardia da sua vida que Renoir produziu os mais maravilhosos nus femininos da sua obra, as monumentais banhistas, que uma recente exposição em Paris, revelou o quanto influenciaram Matisse mas também Picasso (Renoir era o artista mais representado nas colecções particulares de ambos) e toda a arte do século vinte.
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Henri Matisse, no seu “escritos e reflexões sobre arte”, refere que numa fase da sua juventude tinha o hábito de visitar Renoir. O velho mestre, na derradeira fase da sua vida, sofria terrivelmente de artrite (exigia que lhe atassem os pincéis às mãos para que pudesse pintar). Certo dia, notando que cada pincelada fazia com que Renoir gemesse de dor, Matisse não se conteve: "mestre, a sua obra já é vasta e importante. Por que continua a torturar-se?"
"Muito simples", respondeu Renoir -"a dor passa, mas a beleza permanece".
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lady Day


Billie Holiday morreu há cinquenta anos. Tinha 44.
Eu tenho 46. Mas, talvez porque até me tenho sentido bem, passei a noite a tentar desenhá-la enquanto a ouvia. Again and again (as palavras são de Abel Meeropol).
Não pude deixar de reflectir sobre a “música popular”, esse estranho fenómeno que, desde o advento do disco de 45 rotações se foi transformando cada vez mais num produto de consumo adolescente. A “música negra” seguiu o mesmo caminho: com o clip e a MTV tudo se transformou definitivamente nesta “coisa” visual e infantilizada, muito ruidosa, agitada e colorida mas vazia de referências e conteúdo que permite que se diga, sem contestação, que Michael Jackson foi um génio “musical”.
Ainda bem que Billie já não assistiu a tudo isto.
Nesta “árvore”, ela seria (outra vez) um bem “estranho fruto”.
STRANGE FRUIT
Southern trees bear a strange fruit
Blood on the leaves and blood at the root
Black body swinging in the southern breeze
Strange fruit hanging from the poplar trees
Pastoral scene of the gallant south
The bulging eyes and the twisted mouth
Scent of magnolia sweet and fresh
And the sudden smell of burning flesh!
Here is a fruit for the crows to pluck
For the rain to gather, for the wind to suck
For the sun to rot, for a tree to drop
Here is a strange and bitter crop.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Don't blame me

De todos os músicos de jazz, Thelonius Monk é aquele que mais parece desenhar quando improvisa sobre as suas composições. Monk toca como quem desenha. Quando delineia as suas desconcertantes composições ele, como um desenhador, hesita, reflecte, calcula. Contudo, mesmo quando recria os standards (como o artista com o seu modelo) o seu desenho não é nunca atormentado com qualquer prurido de verosimilhança e o resultado final é sempre de uma fidelidade rejuvenescida e estimulante.
Trata-se de um desenho aparentemente simples embora nunca óbvio, misteriosamente calculado, como a mais deslumbrante matemática.
Ora, os desenhos sobre o jazz dificilmente não ficam contaminados por essa espécie de descontracção, característica de quem lida com o improviso.
Este retrato de Thelonius padece disso mesmo e talvez ainda de outra característica da sua música, que o tornam (talvez) pouco acessível: uma composição de ornamentos espartanos, quase abstracta - o que, no entanto, reforça o seu carácter reflexivo.
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Para ver (e ouvir) o sr. Monk, tenham a bondade de desligar o som ao sr. Shepp.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

o meu desenho de Pomar




"Ninguém acredita que não sei desenhar, mas é verdade. Para mim, desenhar é uma coisa que estou sempre a fazer pela primeira vez. O desenho é como escrever, é uma forma de pensar o mundo e o mundo nunca fica pensado. Quando desenho, é sempre uma nova aventura". Júlio Pomar
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Júlio Pomar é um mestre da cor e do gesto impressivo. Mas também do desenho.
Todos os seus desenhos possuem aquilo que Matisse chamava “o arabesco”. Neles, as partes brancas têm tanta importância como as partes pretas. A parte do papel deixada em branco vive sempre em perfeita harmonia com as partes visitadas pelo seu gesto criador. O seu traço vivo e ágil, aparentemente hesitante ou improvisador é sempre preciso, quase cirúrgico como a verdadeira poesia. Para Júlio Pomar desenhar não é um mero exercício académico em que se repetem fórmulas aprendidas – mas sim uma atitude de deslumbramento e de descoberta que partilha com os antigos mestres orientais ou com Matisse. Para eles o desenho é uma maneira de pensar o mundo, refazendo-o. Sempre com emoção. Sempre uma nova aventura.
Júlio Pomar inaugurou na passada Sexta-Feira em Serralves uma exposição da sua obra. Chama-se "Cadeia da relação".
Até ao dia 20 de Abril.
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A raiva



Angola é um dos países do mundo com maior taxa de crescimento económico. É uma “potência regional”. Dizem que até já substituiu Portugal como “motor” dos PALOP. A sua nova elite endinheirada investe nos mais variados mercados globais. O novo-riquismo destas fortunas abruptas e misteriosas ofusca. Não há dia que a imprensa portuguesa não faça eco de mais uma “fusão”, uma “participação”, uma “operação” em que estão envolvidos capitais angolanos.
Mas Angola permanece um dos países do mundo com maior taxa de mortalidade infantil. Recentemente um surto de raiva assolou a região luandense. O Hospital pediátrico de Luanda registou já 69 óbitos. Desconhecem-se dados sobre o resto do país.
Em Portugal, onde a raiva está erradicada e de onde partem todos os meses milhares de pessoas em busca do novo “el dorado”, não há vacinas contra a raiva. Esgotaram os “stocks”. É necessário importá-las da Alemanha, país onde, pelos vistos, ainda não está erradicada. Deve ser por isso que os seus laboratórios continuam a fabricá-la.
A raiva mata. Há anos que eu agonizo (ao alto, um desenho de juventude, 14-1-1981).
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sábado, 7 de fevereiro de 2009

convite



Hoje os meus amigos Fernanda Soares, Manuela Matos e Filinto Viana inauguram uma exposição de pintura.
Na Galeria da Associação de Artistas p'la arte Magenta, por baixo da esplanada Silva Guimarães, na Figueira da Foz. Às 16 horas.
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Na imagem ao alto, desenho a pincel (tinta da China sobre cartão) de Filinto Viana. Da minha Pinacoteca.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Desenho nº 34, Abril 1982


Este desenho, feito nas costas de um outro, do qual transparecem superfícies pintadas, é de 7 de Abril de 1982. Trata-se de um apontamento de um devaneio sensual. Talvez em busca de petites sensations simultâneas.
Eu tinha vinte anos, era ingénuo mas, por vezes, feliz. Sempre apreciei um lápis macio e uma linha curva; suavemente acidentada.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ansiedade




(Máscara, grafite e café s/papel, 1983)


Hoje em Angola o povo vota.
Estou certo que, enquanto a alguns media portugueses lhes foi negado visto para cobrir o acontecimento, outros (ou talvez os seus subconscientes) esperam ter más notícias para transmitir. Tanto que até enviaram repórteres de guerra.
Espero que se trate apenas de um acto falhado.
Eu espero.
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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Desenho nº 74 (Julho, 1984)

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Este velho desenho é testemunho de uma experiência: uma prática mais “estouvada”.
Um registo relaxado, quase uma “escrita automática”, deixar “ir” a mão – “quase” sem o “controlo” cerebral.
Por vezes, o resultado pode ser uma “dança” estimulante.
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segunda-feira, 14 de abril de 2008

a mão do pintor



Aqui há tempos, no âmbito do Plano Nacional para a Leitura (creio que é assim que se chama), a associação de pais da Escola Pintor Mário Augusto, das Alhadas, organizou uma noite pela leitura e pediu-me uma "colaboração". Assim, lá pintei uns quatro metros e meio de papel para um cenário alusivo e combinei que lá estaria para executar uma pintura ao vivo para “abrilhantar” o acontecimento.
Ocorreu-me pintar um retrato do patrono da escola, o pintor Mário Augusto, dado que a iconografia relativa ao artista é tão escassa que para as actuais gerações não passa, infelizmente, apenas de um nome.
Mas na noite aprazada a minha filha adoeceu e não pude comparecer, cumprindo o prometido. O quadro lá esteve, apenas esboçado, em exposição, e retornou ao meu atelier, onde ainda se encontra, a vestir-se.
Porém, num retrato de um pintor, para além do óbvio e merecido coup de chapeau, o verdadeiro assunto é, sempre, a pintura.
O motivo, apenas um pretexto.
É o que vos pretendo mostrar. Quando estiver pronto.
Para já, tomai lá um estudo da sua mão.
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segunda-feira, 31 de março de 2008

o pássaro na mão

(lápis s/papel, 2003)

"Nunca chega o momento em que se possa dizer:

trabalhei bem e amanhã é domingo.

Assim que se pára, começa-se de novo.

Pode-se pôr de lado uma tela e dizer que não se lhe lhe volta a mexer.

Mas nunca se pode escrever a palavra FIM."

Pablo Picasso

quarta-feira, 5 de março de 2008

3 esboços






Estou finalmente nos acabamentos do meu tríptico A Parábola dos cegos que, exposto no ano passado em Maio na Galeria da Magenta e embora bastante elogiado pelos meus pares, nunca me satisfez inteiramente.
De volta ao atelier e quase totalmente refeito, ali tem estado numa espécie de limbo, inacabado. Até agora. Será um dos oito trabalhos que levarei para a exposição do Restaurante Nacional, a 8 de Março, em Coimbra.
Estes são três estudos de mãos, dos inúmeros que realizei para esta obra que me tem ocupado (e mortificado) o corpo e o espírito há quase dois anos.
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segunda-feira, 3 de março de 2008

um esboço feliz





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No dia 15 de Novembro fiz este esboço de um pessegueiro.
Vejam o que acontece, na Primavera, com os desenhos felizes.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Eros e o segredo

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(desenho nº IV- Dez. 1983)


Este blogue não é propriamente a Biblioteca Nacional de França. Nem o meu baú se pode comparar com as suas caves.
Le voilá.É o número IV de uma série de desenhos eróticos que fiz sobre papel, em Dezembro de 1983 e foi sonegado desde então aos olhares públicos, tal como os tesouros licenciosos da Bibliothèque.
Também é para maiores de 16 anos.
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

desenho nº 7, Janeiro de 1981

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Este pequeno apontamento em acrílico, marcador e caneta sobre papel, trata de um devaneio, de uma compulsão… pelo desenho, e também de alguma imaginação.
O que compõe um (muito pouco académico) auto-retrato com 19 anos.
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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A S. Exª, o Sr. Presidente da República


Porque “a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima.
O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado”
(Elie Wiesel)
(Cabeça de criança, lápis s/papel, 1985)
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PETIÇÃO para estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.
ASSINE e DIVULGE http://www.petitiononline.com/criancas/petition.html
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