domingo, 11 de agosto de 2024
terça-feira, 23 de maio de 2023
segunda-feira, 12 de dezembro de 2022
Álvaro Pacheco ou o futebol como metáfora da vida
.
O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da
mídia
Millôr Fernandes
O Brasil já foi, aos
pés da Croácia. O virtuosismo deslumbrado, oxigenado e imbecil vencido
pela competência.
Portugal também. Também já
foi. Aos pés de Marrocos. A presunção e a fé-na-virgem-e-não-corras
(de uma geração de jogadores ungida de superlativos e adulada até à
idolatria por uma imprensa medíocre e laparota, fascinada por cotações de
mercado, milhões e contratações) vencidas pelo mérito, pelo esforço
e pelo talento.
Sem espinhas. E, como
sempre, sem honra nem glória nem dignidade: o capitão e ídolo da equipa, um
canastrão com 37 anos, sai do estádio lavado em lágrimas como um fedelho de cueiros
(para grande e emocional comoção de todos os adeptos, ou adictos,
toldados por um sentimentalismo patriótico, tóxico e imbecilizado pela
narrativa cínica dos media) enquanto o sub-capitão da equipa que passou
o jogo quase todo a atirar-se para o chão tentando cavar cartões aos
adversários e a almejada “grande penalidade” põe a merda toda no ventilador
insinuando culpas para a arbitragem.
Quem não sabe perder com
dignidade não sabe, nunca saberá, vencer com mérito. Faltar-lhe-á sempre
respeito sincero por si próprio, pelo adversário e pelo público; amor genuíno
pelo jogo; e igual desprezo pelo resultado.
sexta-feira, 25 de junho de 2021
A diletância como desígnio da pátria
.
o país não é
governado por especialistas
Marcelo
Rebelo de Sousa
A abobrinha em epígrafe é fulminante, como o estrondo da
verdade. O presidente, como pitonisa do oráculo da pátria, revelou ao mundo,
cândida e melifluamente, certamente para tranquilidade dos mercados,
aquilo que, se não sabíamos já, todos intuímos desde piquenos: o país
não é, de facto, governado por especialistas. Nunca foi. É assim desde a
fundação.
Foi sempre assim que a pátria triunfou. Foi assim que
conquistou todas as glórias. De S. Mamede a Aljubarrota, de Alcácer-Quibir ao
Acto Colonial; da fuga das galinhas perdão, da corte para o Brasil à criação do
Tarrafal. Sempre governada por diletantes. E sempre, sempre com muito
sofrimento, incalculáveis preces, incontáveis milagres e inexplicáveis
cálculos matemáticos.
A selecção do chuto na bola também. Também é governada
por um diletante - enfim trata-se de um especialista, mas em engenharia,
plo ISCTE (diz-se isqueté), embora nunca tenha praticado demasiado. O que ele
pratica, sem pudor, é a arte, por excelência, dos diletantes, a crença em valha-me
deus. Trata-se, portanto, de um prosélito.
A sua estratégia, aparentemente tortuosa, é afinal simples:
dez garbosos infantes e um condestável com agenda e objectivos pessoais a
declamarem, a goela em ovo estrelado, contra os canhões marchar marchar
(isto arrepia sempre os nunos luzes). A táctica, engenhosa,
também não é complicada: muita fé em deus e na virgem e igual perseverança na
estupidez natural, entre muitos passes curtos, muita posse, alta-pressão à
saída e alguma profundidade, claro. Tudo em episódios de
noventa minutos com o alto-patrocínio de uma marca conhecida (mais a
publicidade e os descontos) repletos de emoções aos saltos, altos e baixos: da
vitória pífia, à derrota copiosa e ao empate penoso e assim sucessivamente, até
ao mata-mata da má-sorte de sermos portugueses na lotaria dos
penaltis. Tudo muito sofrido, muito penoso, muito estremecido, muito
sentimental, para gáudio cínico dos velhacos e dos nunos luzes a arfar a
arfar até ao apoteótico e milagroso finale que é a suprema alegria dos alarves
e dos simples.
Campeões, campeões, campeões, banho de bjeca, cantorias suadas e vingativas, volta apoteótica ao redondel, espera no aeroporto, recepção entusiástica, procissão de autocarro, condecoração pública dos heróis e visita (privada) ao santuário de Fátima -para agardecer, claro. Campeões, campeões, campeões.
Não, este país não é para especialistas, ‘taquepariu.
Olha se fosse.
.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
quarta-feira, 29 de junho de 2016
Gunnarsson
terça-feira, 14 de junho de 2016
Fernando Santos
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Cruyff e a metáfora do futebol
domingo, 16 de agosto de 2015
Octávio "vocêssabemdoquéqueustouafalar" Machado
De maneira que quis assinalar o início deste grandioso evento desportivo com o retrato de um dos directores gerais de uma das outras três. O do zebórdengue.
Octávio Machado sabe tanto de futebol, política e de literatura como Nelson Rodrigues. Talvez mais. É autor de uma obra intitulada "Vocês sabem do que é que eu estou a falar".