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sábado, 18 de março de 2023

a armada de Gouveia e Melo


 

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Tenho muitas razões para não gostar de armas 

e uma delas é que de pouco servem a não ser para dar tiros nas pessoas

Nicolas Freeling in Lady Macbeth

O que se passa com a Marinha?, perguntam os portugueses. Nada. Absolutamente nada.

A marinha portuguesa, a armada luzitana, continua igualzinha a si própria, tal e qual, sempre fiel aos seus pergaminhos e ao seu inefável “talent de bien faire”. O seu rosto é, sem tirar nem pôr, o do seu comandante supremo, o almirante Gouveia e Melo.

O reflexo sombrio do seu olho azul, o aprumo elegante da sua figura grave e grisalha e o brilho rutilante dos seus galões dourados fazem a repórter mais loira e pestanuda ficar logo toda molhadinha, entre lânguidos delíquios e arquejantes cacarejos. Diante da sua autoridade impávida e ríspida, o eleitor do Chega logo engrossa a voz esganiçada num breve orgasmo precoce, antecedido de mui prolongadas, pavlovianas e sacudidas erecções do braço direito.

Eu tomei, no entanto, a liberdade de lhe fazer um retrato. E, visto de perto, e depois de muitos estudos, a verdade é que me parece muito igual a si próprio: o rosto vulgar e patibular de um grunho imbecil, incompetente e vingativo, deslumbrado com a sua própria autoridade e notoriedade e apenas consciente da mais cínica e vetusta tradição do poder em Portugal: manda-se porque se pode e não por que se sabe.

Quanto aos pobres marujos que se recusaram a fazer o frete de acompanhar o navio russo, já deviam ter regressado ao continente no fim da sua comissão, pelo Natal. Tal não lhes foi possibilitado por o navio “não estar em condições de ir para o mar”. O seu destino deve ser, naturalmente, “ir para o caralho”, como manda, aliás, a santa tradição do “talent de bien faire” da armada luzitana.

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2 comentários:

cid simoes disse...

A nulidade é um posto, Tomás cabeça de abóbora e Pinheiro de Azevedo só fumaça, enquadram bem este aspirante a PR. Cuidado!

X Dias Longo disse...

Não sei porquê, sempre que vejo este Sr. nas Telés lembra-me o famigerado Tomás mas sem a Gertrudes.
Com diz Cid Simões, Cuidado! Tiques de ditador não lhe faltam.