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el que resiste, gana
Camilo José cela
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Se é verdade que o grande Cândido Costa Pinto, com um
simples desenho, pôs a nu a indigência dos pressupostos da mitologia figueirinhas, essencialmente da sua ideia
génese – a utopia do verão redentor – também é verdade que Cândido, figueirense
e profundo conhecedor do que “a casa gasta”, pôs-se ao fresco da sua cidade e
não fez ele senão bem. Incompreendido num meio onde apenas florescia a mediocridade
e triunfava a estupidez, Cândido acabaria, pelos mesmos motivos, por deixar o
país e deixar-se morrer longe.
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Volvidos quase cinquenta anos do cândido passamento, o “meio”
da sua cidade natal, e do seu país, está diferente. Por todo o lado floresce a estupidez
e triunfa a mediocridade. A Figueira continua a acreditar abundantemente na utopia
do verão e na mitologia dos “ontéms
que cantam”, isto é, no seu passado radioso. Só que, ao contrário do seu tempo, agora
na Figueira da Foz os “artistas” proliferam como coelhos (já nem lhes basta
uma associação; são precisas duas e muitos são associados de ambas), todavia o
desenho, essa probidade da arte, é uma disciplina pouco praticada – desenha-se
pouco, mal e porcamente – e num meio em que a reflexão, o humor livre, a ironia,
o sarcasmo, a crítica, são tidas como indícios das taras mais insidiosas, quem o
faz de forma mais ou menos metódica e consistente tem dois destinos traçados – o
da ostracização ou o de Cândido (e de muitos outros): ir embora. Ou então, ficar
- e resistir. É este o caso do meu amigo Pedro Saboga, o rosto mais visível do Tubo
d’Ensaio d’Artes.
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Num meio tão adverso à
inteligência e tão propício à fuga dos melhores,
Pedro (ele transporta no sangue e no nome que usa os genes da resistência) criou,
com alguns amigos, uma associação cultural que há alguns anos vem potenciando
oportunidades aos que, como ele, escolheram ficar - e resistem.
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