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Marcelo
Rebelo de Sousa, o presidente da república portuguesa (sobre quem já me
pronunciei aqui, aquando da sua primeira candidatura) disse que
ah e tal "o
Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e
tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na
equipa".
Nada que
Marques Mendes não pudesse também ter dito. Porque como Marcelo habitualmente
não pensa no que diz, é o pequeno comentador da SIC que geralmente diz o que
Marcelo pensa - como o pato do Zé Freixo, o boneco do ventríloquo, ou uma corneta de chefe de estação. Trata-se de uma das
figurinhas mais pitorescas da nossa bisonha classe dirigente.
Marques Mendes tem uma longa
carreira, sempre ascendente mas, curiosamente, sempre de feição coadjuvante.
Começou logo a vice-presidente da Câmara Municipal, em Fafe. Depois foi eleito
deputado numa enfiada de legislaturas. Ganhou ”estatura política”
como ajudante-de-Cavaco Silva (de quem também foi porta-voz,
integrando todos os seus três governos) e a partir daí foi sempre a subir.
Sempre a servir (para alguma coisa), sempre a fazer recados.
Mas além de haver pertencido
ao núcleo duro do gang, perdão, da entourage de
Cavaco (Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias Loureiro, etc., & Cª),
Marques Mendes também co-adjuvou Marcelo quando este presidiu ao PSD e foi, ele
próprio, presidente do PSD. Por fim, dedicou-se a outras causas edificantes,
como por exemplo o reforço da ética na vida política e assim. Foi agraciado plo
Cavaco com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e com o penacho
de Conselheiro d’Estado.
Agora pertence ao
conselho-consultivo de uma unidade local de saúde no Alto-Minho e, talvez
por, como Secretário de
Estado da Comunicação Social (entre 85/87), ter iniciado o processo de
privatização da imprensa e apresentado a primeira proposta de lei de abertura
da televisão à iniciativa privada, a SIC concedeu-lhe um horário de comentário
plítico aos Domingos, para o qual o apresenta, mui grave e pomposamente,
como “a opinião que conta”, como um senador da república, um sábio, um presidenciável,
um grão-vizir.
Entretanto, quando finalmente
Marcelo decidiu fazer a folha a António Costa aí esteve ele, de novo a
co-adjuvar, apresentando um garboso livro no qual um ex-governador do Banco
de Portugal (sobre quem também já me pronunciei aqui) pôs a merda toda
no ventilador. Um facto que logo a seguir não se coibiu de comentar, do alto da
sua suficiência de grande-homem de pequena estatura, empoleirado na cadeira Sic
de comentador e com os pés a-dar a-dar - como um grão-vizir bem pequenino,
assaz velhaco e mau bailarino, cuja única ambição, inconfessada mas
indisfarçada, é apenas “ser califa no lugar do califa”.
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1 comentário:
É velos em bicos de pé, qual o mais perfeito....
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