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A história conta-se em poucas linhas.
D. Manuel Clemente, a eminência parva que lidera em
Portugal o franxaizingue da Igreja Católica (conglomerado multi-nacional
com sede na cidade do Vaticano) teve conhecimento de um crime perpetrado
por um padre sobre uma criança e, em lugar de o denunciar às autoridades competentes,
como manda a lei e o bom-senso, protegeu o criminoso. Ou seja, Clemente foi clemente.
Mas não só. Também foi conivente. Permitiu-lhe continuar em
funções por mais de vinte anos, gerindo tranquilamente uma
associação privada que acolhe famílias, jovens e crianças.
Os dados
sobre este caso em concreto contam-se entre as mais de 300 denùncias já recebidas pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa. O nome do sacerdote, que chegou a ser
responsável por duas paróquias da zona norte do distrito de Lisboa, é
também um dos sete que já se encontram nas mãos da Polícia Judiciária para
serem investigados.
Quanto a
sua eminência reverendíssima, como a sordidez moral não é coisa que
repugne os paisanos, e muito menos os fiéis, em
breve vamos todos poder vê-lo, como de costume, de sotaina de gala, se não for em
pose de Cerejeira com o Ventura dos cheganos, certamente a abrilhantar mais
uma inenarrável sessão solene de abertura do ano judicial, onde,
entre salamaleques cúmplices e genuflexões piedosas, dará como habitualmente o seu anel
a lambuzar às beiças sôfregas e devotas do presidente da república de Portugal.
É assim a vida num país de costumes quase tão brandos como
bizarros.
O retrato de sua eminência é de 2013.
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1 comentário:
Amém!
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