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terça-feira, 30 de março de 2021

O inefável Matos Fernandes


 

O senhor Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática (é assim que se designa, em acordês, a sua função oficial) disse que ah e tal “eu não sou de todo um ambientalista”. Nada que me espante. Era mesmo do eu já andava a desconfiar – pelo menos desde que ele contratou para secretário (d’estado) o finadíssimo Ataíde das Neves logo depois de este, como alcaide da Figueira, ter perpetrado (ou incentivado, ou permitido) mais um abominável crime ambiental. Tratou-se, naturalmente, de um prémio de desempenho.

Eu compreendo que o ministro do Ambiente não tenha de ser um ambientalista. Afinal o ministro das pescas também não tem de ser pescador, nem o da educação professor, nem o da saúde esculápio ou enfermeiro. Em Portugal pode-se chegar a ministro de qualquer coisa sem perceber bulhufa de porra nenhuma (os casos são inúmeros e exemplares, como este, este, ou esta). Mas, se o governo for socialista, o infeliz pode mesmo chegar a ministro sem nem sequer ser socialista.

É o caso do ministro Matos Fernandes. Ele também acha, por exemplo, que a água potável devia aumentar de preço porque “se o produto água se está a tornar escasso, o seu preço deve refletir essa escassez".

Esta é uma prática tida em conta por todos os primeiros-ministros socialistas desde Mário Soares, que convidou uma vez, certamente por lapso, para ministro da Saúde, um gajo que era mesmo socialista - que teve a desfaçatez de fazer aprovar o Serviço Nacional de Saúde em assembleia legislativa sem o apresentar previamente em conselho de ministros - a partir daí todos os primeiros-ministros socialistas escolhem os seus ministros muito parcimoniosamente. É por isso que em Portugal nunca mais um genuíno socialista chegou a ministro.

É também por isso que o ministro do Ambiente de Portugal premeia criminosos ambientais, perdoa milhões em impostos a uma multinacional e cultiva, a céu aberto, a lógica capitalista e mercantil da água potável como um “produto” e não como um bem de primeira necessidade.

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2 comentários:

cid simoes disse...

Este passarão, ministro das celuloses, com a sua conversa mole não esconde a quem serve.

X Dias Longo disse...

São estes Srs. que sempre desacreditaram a política. Eles sabem escolhe-los! Não podem fazer ondas e têm o dever de servir os seus donos.