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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O inefável ataíde das neves

Na Figueira da Foz é como se a selecção natural fosse regulada pela Lei de Murphy. É assim em tudo. E até na política. O presidente da câmara municipal, por exemplo, é sempre pior do que o anterior. Tem sido sempre assim. Pelo menos desde que eles são eleitos. De mauzinhos a piores. Fatal como o destino.

O actual é o campeão absoluto. Atingiu o topo na selecção natural dos da sua espécie. É tão bom mas tãobomtãobom (ou tão mau) que se prepara para suceder a si mesmo.

A propósito de mais esta cegada, o meu amigo Agostinho mantém que o homem confunde interesse público com interesse do público. A verdade porém é que se o patrocínio público da música pimba insulta a inteligência, o bom gosto e o bom senso do cidadão mais cordato - mais não é, no fundo, do que fazem autarcas de todo o país. Nem sequer é algo de novo na prática política dos executivos liderados por João Ataíde das Neves.

O que se torna, quanto a mim, verdadeiramente repugnante (que revolta o estômago) é o argumento que o homem achou para justificar a isenção de taxas camarárias e o pagamento de custos a uma empresa privada: diz que o “interesse público” do espectáculo de Anselmo Ralph é possível segundo a leitura que fez do regulamento municipal.
Ou seja, para um cidadão comum as leis são para aplicar (se são justas) ou para revogar (se são iníquas) mas para o ex-juiz João Ataíde das Neves são para interpretar, como as partituras. Suponho que isto também deve ser um indício bastante eloquente do estado dodecafónico da justiça em Portugal.

Foda-se, não há pachorra. Eu já aqui uma vez o mandei para o caralho (pedi-lhe educadamente para se ir foder).

Esculhambar alguém como o sr. presidente é, como cantava o grande Bob Marley em I shot the Sheriff, legítima defesa. Além, claro, de um imperativo de inteligência.

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