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sábado, 9 de janeiro de 2016

Campanha eleitoral

Jorge Sampaio
Mário Soares

Aníbal Cavaco Silva
António Ramalho Eanes



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A campanha eleitoral para a presidência da República começa amanhã. 
-Ao contrário do que tenho lido, e que tomo por opinião dominante (muito disseminada pelos media), não acho que os candidatos sejam demasiados e que por isso a cacofonia dos debates dificulta o entendimento das suas “propostas” e uma escolha informada.
-Ao contrário da voz corrente também não acho que os candidatos têm propostas, ou “programa”. Os cidadãos tem a oportunidade de escolher um dos seus semelhantes para os representar defendendo (cumprindo e fazendo cumprir) um cardápio de leis aceites por todos – a Constituição. Mais nada. 
Aos candidatos compete apenas tentarem garantir aos seus concidadãos estarem na posse das qualidades necessárias ao desempenho dessa única responsabilidade. Penso pois que do que trata esta eleição é de uma escolha de carácter. Nem mais, nem menos.
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É por isso que gosto muito da República. Em mais nenhum outro regime – nem em ditadura (por razões óbvias) nem em qualquer dos modelos de monarquia (o nórdico ou o do golfo) - os cidadãos podem escolher entre si o seu “chefe de estado”.
Numa república os cidadãos não estão condenados a verem-se representados por um imbecil imposto pela força ou por um degenerado designado pela consanguinidade. Pelo contrário, podem mesmo, imaginem, escolher o melhor de entre eles – o mais perspicaz, o mais sábio, o mais sensato - isto é, alguém verdadeiramente excepcional. Embora geralmente não seja isso que fazem. Regra geral, escolhem o que reúne as qualidades com que mais se identificam. Ou seja, alguém parecido com eles. Foi isso aliás que aconteceu da última vez; e na outra antes dessa. Com os resultados que se conhecem.

Agora porém os cidadãos desta república têm outra vez a oportunidade de escolher o seu presidente. Podem de novo escolher um merdas, como se vai fazendo costume, ou alguém decente, para variar. Trata-se pois, como referi acima, de uma questão de carácter.

Ora para se fazer uma boa escolha nada melhor do que haver inúmeras opções. Desta vez há dez. E para todos os gostos. Há abertamente feiosos, minimamente apresentáveis e até francamente bonitos. Há chicos-espertos cínicos e tortuosos, simples ingénuos armados aos cágados, rematados idiotas, pobres-diabos em busca de alguma notoriedade e até mesmo pessoas realmente decentes.

Nos próximos dias e até ao dia 24, dia da eleição, tratarei de editar aqui a caricatura de cada um destes dez bravos cidadãos que se prestam, e aprestam, a ser avaliados pelos seus iguais. Uma espécie de galeria de candidatos.

A caricatura, como eu a entendo, é uma visão parcial, ou seja, uma opinião.
Como eu tenho a minha, e não me importo de a usar, cada um destes desenhos é a minha visão pessoal das personalidades em apreço. Muito mais, no entanto, do que a pura diversão com os acidentes naturais das suas fisionomias, o que procuro nestes sucintos desenhos é tornar claros os sinais mais obscuros, ou menos evidentes, das suas personalidades; e fixar, tanto quanto possível em traços breves, o que perscrutei nos abismos das suas almas humanas. Estes desenhos despretenciosos não passam, no fundo, de uma espécie de estudos psicológicos; úteis para uma avaliação de carácter - serviço público, portanto. Tal como o grande George Grosz, sempre os encarei com muito mais interesse científico do que propriamente artístico.
Tentarei mesmo ilustrá-los com um pequeno texto, se entretanto me ocorrer algo suficientemente colorido.

Viva a República
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(ao alto, a minha galeria de retratos dos presidentes eleitos)
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