Jorge Sampaio |
Mário Soares |
Aníbal Cavaco Silva |
António Ramalho Eanes |
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A campanha eleitoral para a presidência da República
começa amanhã.
-Ao contrário do que tenho lido, e que tomo por opinião dominante
(muito disseminada pelos media), não acho que os candidatos sejam demasiados e
que por isso a cacofonia dos debates
dificulta o entendimento das suas “propostas” e uma escolha informada.
-Ao contrário da voz
corrente também não acho que os candidatos têm propostas, ou “programa”. Os cidadãos tem a oportunidade de
escolher um dos seus semelhantes para os representar defendendo (cumprindo e fazendo cumprir) um cardápio de leis
aceites por todos – a Constituição. Mais nada.
Aos candidatos compete apenas
tentarem garantir aos seus concidadãos estarem na posse das qualidades
necessárias ao desempenho dessa única responsabilidade. Penso pois que do que
trata esta eleição é de uma escolha de carácter. Nem mais, nem menos.
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É por isso que gosto muito da República. Em mais nenhum outro regime – nem em
ditadura (por razões óbvias) nem em qualquer dos modelos de monarquia (o
nórdico ou o do golfo) - os cidadãos podem escolher entre si o seu “chefe de
estado”.
Numa república os cidadãos não estão condenados a verem-se representados
por um imbecil imposto pela força ou por um degenerado designado pela
consanguinidade. Pelo contrário, podem mesmo, imaginem, escolher o melhor de
entre eles – o mais perspicaz, o mais sábio, o mais sensato - isto é, alguém
verdadeiramente excepcional. Embora geralmente não seja isso que fazem. Regra
geral, escolhem o que reúne as qualidades com que mais se identificam. Ou seja,
alguém parecido com eles. Foi isso aliás que aconteceu da última vez; e na
outra antes dessa. Com os resultados que se conhecem.
Agora porém os cidadãos desta república têm outra vez a oportunidade de
escolher o seu presidente. Podem de novo escolher um merdas, como se vai fazendo costume,
ou alguém decente, para variar. Trata-se pois, como referi acima, de uma
questão de carácter.
Ora para se fazer uma boa escolha nada melhor do que haver inúmeras opções.
Desta vez há dez. E para todos os gostos. Há abertamente feiosos, minimamente apresentáveis
e até francamente bonitos. Há chicos-espertos cínicos e tortuosos, simples ingénuos
armados aos cágados, rematados idiotas, pobres-diabos em busca de alguma notoriedade
e até mesmo pessoas realmente decentes.
Nos próximos dias e até ao dia 24, dia da eleição, tratarei de editar aqui
a caricatura de cada um destes dez bravos cidadãos que se prestam, e aprestam,
a ser avaliados pelos seus iguais. Uma espécie de galeria de candidatos.
A caricatura, como eu a entendo, é uma visão parcial, ou seja, uma opinião.
Como eu tenho a minha, e não me importo de a usar, cada um destes desenhos
é a minha visão pessoal das
personalidades em apreço. Muito mais, no entanto, do que a pura diversão com os
acidentes naturais das suas fisionomias, o que procuro nestes sucintos desenhos
é tornar claros os sinais mais obscuros, ou menos evidentes, das suas
personalidades; e fixar, tanto quanto possível em traços breves, o que
perscrutei nos abismos das suas almas humanas. Estes desenhos despretenciosos
não passam, no fundo, de uma espécie de estudos
psicológicos; úteis para uma avaliação de carácter - serviço público, portanto. Tal como o grande George
Grosz, sempre os encarei com muito mais interesse
científico do que propriamente artístico.
Tentarei mesmo ilustrá-los com um
pequeno texto, se entretanto me ocorrer algo suficientemente colorido.
Viva a República
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(ao alto, a minha galeria de retratos dos presidentes eleitos)
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