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quinta-feira, 10 de abril de 2014

João Gaspar Simões

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Partindo do princípio de que todos os homens são susceptíveis de se determinar por uma certa ordem de valores, o problema da cultura e, em última instância, o problema da vida estão na atenção que se preste ao próprio homem na organização dos meios favoráveis à sua própria condição humana.
Quer dizer, em última análise, que o valor que a cultura precisa de preservar é o próprio homem, centro de toda a actividade pensante e de toda a orgânica política e social. Uma antropomorfização da vida intelectual, ética, política e social - eis a finalidade de toda a cultura. A convicção de que é este o caminho para solucionar a crise do nosso tempo seria partilhada por todos os homens de bom pensar se não fosse a conclusão de HegeI citada pelo próprio Delfim Santos e é que: «a história só nos ensina que o género humano nada aprende da história».
Isto significa ser mais fácil ao homem vincular-se a fórmulas e identificar-se com sistemas que se lhe afiguram garantir a continuidade dos seus bens adquiridos, por mais mesquinhos que eles sejam, do que procurar resolver o seu problema fundamental, qual seja encontrar novas formas de cultura quando aquelas em que vive já não servem para satisfazer aquilo que é ou deve ser a sua finalidade última: tornar-se verdadeiramente homem.”

João Gaspar Simões, Liberdade do Espírito, Ensaios. Porto: Portugália, 1948
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