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Maria
Cavaco Silva, a quem o Diário de Notícias - na sua secção “Pessoas” - chama, sem aspas, “a primeira dama”, foi inaugurar a Feira
de Arte e Antiguidades, na Cordoaria Nacional.
A legítima do Cavaco visitou prolongadamente a exposição
e, no fim, confessou-se uma apaixonada da arte desde criança.
E mais, reconheceu que "o
país está a valorizá-la cada vez mais" e que "a geração jovem está a
ter um papel essencial nisso". Este tipo de iniciativas, frisou ainda,
"é muito importante para chamar as
pessoas para a cultura".
O diário
de notícias titulou assim a notícia: Primeira dama quer “chamar as pessoas para a cultura”.
Digam lá que não é lindo.
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Eu também acho que o país valoriza imenso a
arte, e a cultura, e isso. E é tal a demanda que, nem sei como, ninguém se lembrou ainda
(uma pecha no nacional-empreendorismo)
de criar sei lá uma rede de lojas tipo pingo-doce, assim a modos que também a preços baixos, mas só de arte & antiguidades. Aqui fica a ideia. É
grátis.
Em todo caso, quem assim tem uma primeira-dama e um diário de notícias para que precisa de um ministério da cultura? Sim, para quê?
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A
verdade é que tudo isto me parece o enredo de um daqueles filmes da época de ouro
do desenho animado americano. Só que em perverso e pavoroso. Este filme nunca
mais acaba; o non-sense é cada vez mais óbvio; tem cada vez menos
piada; o ridículo adoptou o tom venéreo da normalidade - o que faz com que o absurdo da coisa tenha cada vez mais um único sentido,
sem regresso: o do pesadelo. Acordem o Tex Avery. Ou o Chuck Jones. Ou o Fritz Freleng. Ou as forças armadas. O Salgueiro Maia. Alguém. Mas tirem-me deste filme.
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