.
No dia 30 de Dezembro fui assistir à primeira Assembleia
de Freguesia de Maiorca - o lugar que
habito - eleita nas últimas eleições autárquicas. Fiquei elucidado sobre o poder local democrático, quarenta anos
depois do vintecincodabril.
.
Antes disso tive porém o excelso (mas um tanto equívoco) prazer
de ver uma moção proposta pela coligação Somos Figueira (PSD- CDS) aprovada por unanimidade – uma moção de repúdio pela participação
cúmplice do município (de maioria absolutamente sucialista) na canhestra e imbecil privatização do estacionamento
no Hospital Distrital. A verdade é que, se em Maiorca em sede de
assembleia de freguesia, os eleitos pelo partido sucialista votaram favoravelmente
a moção, já a tinham chumbado em sede de assembleia municipal,
de modo aliás previsível, cínico e acanalhado, como de costume. Essa é que é
essa.
.
Quanto à minha freguesia, fiquei a saber que um executivo
de uma junta com um orçamento anual de 190 mil euros não tem capacidade (meios)
nem autonomia para quase nada. Nem para tapar um buraco na estrada, nem para colocar
um sinal de trânsito.
.
Também fiquei a saber que o executivo, que muito
justificadamente se queixa de falta de meios, investe setenta mil euros (e
imenso, e muito encomiado, trabalho voluntário
e não-remunerado de fregueses)
numa festa anual com animação e
música pimba, tem um retorno de sensivelmente o mesmo valor e, mesmo assim,
acha que é para continuar.
.
Também fiquei a saber (o presidente do executivo, acabado
de chegar de uma assembleia municipal, informou-o) que a tão ansiada
requalificação do Largo da Feira Velha foi aí finalmente aprovada, por
unanimidade. O que não gostei de saber foi que o projecto aprovado (será
executado com meios de QREN) está “fechado” – ou seja, os fregueses de Maiorca poderão, muito
“democraticamente”, opinar sobre uma intervenção definitiva num dos seus
espaços cívicos mais emblemáticos mas nada podem fazer para influir nos critérios
que presidem à sua concepção. Fiquei assim esclarecido sobre o conceito de poder local que informa a sensibilidade
da maioria absoluta que governa o concelho – uma sensibilidade que revela uma mentalidade
que se acha legitimada para impor de cima
soluções concebidas num gabinete por quem não conhece o local, o uso que lhe
dão as gentes, as necessidades destas ou os seus costumes (e se se trata do
mesmo gabinete de iluminados que
congeminou as obras da requalificação da
zona envolvente do Forte de Stªa Catarina, então estamos conversados. Espera-se
mais uma coisa esperta).
.
Trata-se enfim da mesma mentalidade que decide em
reuniões de Câmara à porta fechada e, confrontada com um protesto em assembleia
municipal, responde pela verve sonsa de deputados municipais como um tal de
Mário Paiva, do PS: “A bancada do Ps até poderia rever-se neste
voto de protesto se os cidadãos não tivessem acesso à câmara. Uma vez por mês (esclareça-se:
reunião de Câmara aberta), é mais do que suficiente”.
.
Mário
Paiva é um achado (um deleite) para qualquer caricaturista
entediado. Tomei a liberdade de lhe fazer o retrato - como é óbvio, para
o meu Album Figueirense.
De compleição
quase tão opulenta quanto o seu aparentemente esquálido discernimento, ele é o inefável presidente
da juventude sucialista local. Trata-se,
portanto, de um boy. Mas um boy de peso. E de futuro, claro - de um futuro da pesada - denso, dúbio, nefando. Redundante. Como o partido que
representa.
Para não variar, começo
o ano com um retrato de mais um imbecil.
.
1 comentário:
O primeiro? O primeiro que te está perto... nem imaginas o que por cá se passa... tivesse eu o teu traço!
Enviar um comentário