- O jornal Público (um dos expoentes máximos do jornalismo dedutivo nacional) explicou
que “o abrandamento acentuado da queda do
investimento e do consumo privado durante o segundo trimestre deste ano foi a
principal razão para o desempenho mais positivo registado pela economia
portuguesa, que conduziu à interrupção do período de recessão técnica que se
verificava desde 2010”. – Pelo que – se bem percebi – a economia do país
ainda não está exactamente a crescer, limita-se a decair menos. Mas é um dado
novo que permite ao jornal concluir, em título: “Menor queda do investimento e exportações explicam saída da
recessão”.
- Entretanto, inexplicavelmente, as próximas avaliações da troyka põem Portugal à beira
do precipício (fonte governamental admitiu ao i “que
se a sétima avaliação foi dramática e longa, "a oitava e nona poderá ser
uma tragédia, que nem a inspiração divina salvará").
- “O país melhora os índices de mortalidade
infantil” (embora ainda esteja abaixo da média comunitária) “mas piora nos de esperança de vida”. O
que supõe que deus nosso senhor continua a preferir os portugueses: fá-los
nascer incólumes mas leva-os para perto de si cada vez mais cedo.
- Pelo
que acho inexplicável que Portugal perca pontos “no rankingue mundial da
felicidade”.
-Até
porque “as vendas de smartefónes já ultrapassam
as de telemóveis tradicionais”.
.
- E,
além disso, depois dos correios, o governo vai privatizar o mar (em terra a tarefa já está toda concluída. E no ar também, pelo menos parcialmente, pois o combate aos fogos por
meios aéreos por exemplo, já é uma
prerrogativa exclusiva de privados).
.
- Entretanto,
“O presidente da república enalteceu o
papel dos escoteiros no desenvolvimento da cidadania democrática”.
.
Com notícias destas, que recolhi hoje no
agregador de notícias do google, não espanta que os portugueses se refugiem no nihilismo, no sarcasmo, na derisão e no
escárnio.
Mas há deles todavia, que ainda se entregam à
poesia. Como mostra esta imagem-manifesto,
que captei ontem num jardim de uma modesta residência, na rua Teófilo Braga, em
Mira.
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