Salgueiro, o curriculum e o “desempenho”

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De todos os senhoritos que, diariamente nas televisões, doutrinam o bom povo sobre a inevitabilidade e benefícios da austeridade, João Salgueiro é, como dizê-lo, o mais moderado.

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Salgueiro já pertencia (embora em posição subalterna) à classe dirigente no tempo da outra senhora (foi sub-secretário de estado do Planeamento do governo de Marcelo Caetano). Depois do 25 de Abril viu a luz, descobriu em si uma brusca sensibilidade social-democrata – inscreveu-se no pêpêdê - e foi por aí acima - chegou (não sei se por esta ordem) a ministro das Finanças, vice-governador do Banco de Portugal e presidente da Associação de Bancos Portugueses. Além disso, recebe (segundo o seu verbete na wikipédia) uma reforma de 14. 352 euros da Caixa Geral de Depósitos, que acumula com o salário de presidente da Associação de Bancos e, naturalmente, com o de “colaborador” da faculdade de economia da Universidade Nova de Lisboa onde ensina, claro, economia europeia.

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Recentemente, num lampejo, descobriu (eureka!) que a austeridade, só, não chega - diz que é preciso melhorar o “desempenho”. Nem mais.

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Quem lhe ouve os bitaites avisados, pertinentes, assertivos, até sensatos pode pensar que:

-o homem acabou de chegar de Marte, depois de uma loonga expedição aos gambuzinos.

-que durante mais de quarenta anos não teve nada que ver com a governação, com a fiscalização da actividade bancária ou com a política de concessão de crédito à economia deste país.

- ou então, que a situação tartamuda e tetraplégica desta pobre choldra arruinada é mesmo uma questão de “desempenho”- mas da sua classe dirigente.

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