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Li recentemente uma pequena e saborosa obra do Conde de Sabugosa
(António Maria José de Melo Silva César e Menezes, um dos vencidos da vida) sobre os divertimentos na história de Portugal e
da Europa.
Nesse pequeno ensaio, Bobos da
Corte, constituído por artigos publicados em jornais, o conde discorre sobre
a importância e influência que estes tiveram na história do nosso país mas também
do apreço e estatuto de que disfrutaram.
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Os bobos eram idiotas ou deformados cujos
disparates divertiam os poderosos, que lhes toleravam (quase) todas as
inconveniências. O grande Velásquez fez de alguns deles retratos cheios de humanidade e compaixão. Alguns, como D. Francesillo,
o bobo de Carlos V, morreu rico (ainda que assassinado, por causa da sua língua
viperina); outros, como Maria Miguéis,
a anã da nossa rainha D. Beatriz, foi contemplada no testamento da sua ama. Outros
ainda, como João (ou António) de Sá, o
panasco, um preto crioulo cujos ditos malévolos, dizem, terão estado na origem da
desdita do poeta Luís de Camões e muito divertiam o rei D. João III, que “tão saborosamente
literários achava os seus chistes que lhe deu o Hábito de Santiago”.
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Qualquer destes bobos seria hoje rei incontestado do
carnaval, essa festa farsola do non-sense e desregramento. Mas não na Figueira
da Foz. Pelo menos a coisa não é unânime.
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Urbano
Pinto é o tolo da aldeia, o bobo oficial da corte noctívaga figueirinhas,
um infeliz atoleimado de quem todos se riem e a quem todos acham graça aos dislates e às
inconveniências.
Corre nas redes sociais uma espécie de manifesto - Queremos Urbano para rei do Carnaval - lançado
por alguns pândegos, que espoletou o debate – o prós & contras da praia da claridade - quem diz
que os figueirinhas internautas não se interessam por assuntos realmente
estruturantes, e até digamos, fracturantes, unh?
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Os seus detractores acham que o pobre Urbano não tem suficiente dignidade - sim
porque o carnaval na Figueira tem que ver com dignidade, caralho.
Receio por isso que um verdadeiro bobo da corte, como
Urbano Pinto, nunca será rei do Carnaval na Figueira. Não recolhe unanimidade. Esse desiderato está ao alcance apenas de idiotas chapados - como Paulo Futre e uma tal de Rita Pereira, por exemplo.
Ou seja, na Figueira, o
carnaval é uma coisa séria. Foda-se.
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