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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Cotrim ou o liberalismo figueiredo


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Este é mais um cromo para o meu álbum de rostos da classe dirigente (à direita, na barra lateral).

Trata-se de um rapaz da minha idade, mas não de um rapaz qualquer. Um verdadeiro liberal – um ultra - que, ao contrário de muitos outros, não é um self-made-man (não se fez a si próprio) pelo contrário - é um predestinado – quer dizer, foi previamente doutrinado - como os pepinos, desde pequeninos. O seu verbete na wikipedia é, aliás, elucidativo a este respeito: “Estudou na Escola Alemã de Lisboa, seguindo-se a graduação em Economia London School of economics. De regresso a Lisboa, tirou um MBA em Administração, Negócios e Marketing na Faculdade de Economia da Universidade de Lisboa.

Isto, claro, quanto aos fundamentos ou raízes profundas das suas mais entranhadas convicções. Mas como uma árvore se reconhece pelos frutos, não há nada como um reconhecimento, a vol d’oiseau, sobre a sua carreira de gestor e de empresário, onde aplicou toda a sabedoria acumulada em administreixen, marquetingue e económiques.

Assim, ainda segundo a Wikipedia, ”Foi administrador da Compal entre 2000 e 2006” (onde se notabilizou por medidas de gestão tão criativas como o despedimento colectivo, por exemplo) “e, simultaneamente, da Nutricafés entre 2003 e 2006. Seguiu-se a Privado Holding (…), onde atingiu o cargo de presidente executivo, no ano de 2009(aqui o seu mais notável lampejo de gestor brilhante e liberal foi um pedido de empréstimo de 750 milhões ao estado para salvar o BPP). Depois da resolução do BPP, o maior activo da Privado Holding, mudou-se para a área da televisão, para o cargo de director-geral da TVI de 2010 a 2011 (aqui a sua visão empresarial passou pla contratação milionária de Marcelo para comentador e plo despedimento, também milionário, por €300.000, de Manuela Moura Guedes, por ser crítica de Sócrates, que se recusava a entrar na estação para entrevistas). Logo de enfiada, quero dizer, imediatamente a seguir, ainda segundo a wikipedia, foi designado “presidente do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, entre 2013 e 2016” (a €6.416 por mês, num ramo em que a maior parte dos trabalhadores vive de gorjetas) “e em 2015 foi eleito vice-presidente da European Travel Commission. Esteve, também, envolvido nas negociações que trouxeram a Web Summit para Lisboa, em 2015 (suponho que também deve ter estado entre os alarves participantes do badalado forróbodó no cemitério, perdão, entre os alegres convivas do mui célebre repasto no Panteão).

Mas mais palavras para quê, já o deveis ter identificado plo “boneco”. Trata-se de João Cotrim de Figueiredo, o presidente da comissão executiva, o cê-i-ou ou-lá-o-que-é, da Iniciativa Liberal e o primeiro deputado eleito por este projecto de empreendedorismo plítico.

Cotrim tem da vida uma visão empresarial (para ele o único sentido da vida de um predador é o saque dos despojos, perdão, dos dividendos). Cotrim inaugurou em Portugal, nos anos mais recentes, uma nova maneira de apresentar o discurso político, repleta de piadinhas e alusões rasteiras pontuadas por um humor tão suposto como pífio, pretensamente jovial, anti-conformista e irreverente mas efectivamente apenas rapazola, que é muito popular entre pulhas, jovens analfabetos e velhos abstencionistas e ao qual já aqui (a propósito de outro imbecil, também liberal) chamei engraçadismo.
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1 comentário:

cid simoes disse...

Estudou em muitas escolas: "tem a escolaToda"