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si
le mot cul est dans une phrase, le public, fût-elle sublime,
n'entendra que ce mot
Jules
Renard
O
humor em Portugal, pelo menos o que se publica, é uma coisa triste.
A verdade é que “os portugueses não sabemos rir com espírito;
gargalhamos com os queixos”, como dizia Camilo.
Falta-nos
o espírito.
Ter
espírito, como presumo que o entendia Camilo, é ter mundo,
referências e, em simultâneo, um certo distanciamento de si próprio
e do seu tempo que muitas vezes convoca o desconforto ou a
incomodidade.
O
espírito abomina o óbvio, mas aproveita-se do acaso e
deleita-se com o invulgar, o imprevisto, até com o incongruente.
Para isto é necessário uma certa sofisticação que lhe vem do
cepticismo. É impossível achar este desprendimento entre
crentes ou prosélitos; neste campo, como se sabe e enunciou José
Alberto Braga, “o espírito sopra ao contrário”.
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No
humor publicado em Portugal já não há Camilo, nem Júlio César
Machado, nem Bordalo, nem Celso Hermínio, nem Eça, nem Ramalho, nem
Almada, nem Carvalhais, nem sequer Vilhena ou José Alberto Braga ou
Santos Fernando. Deduzo que não haja público, ou mercado,
para eles.
Para
o que há público, ou mercado, em Portugal é para um
engraçadismo sem substância que não seja o gargalhar com
os queixos ignóbil, acéfalo, redundante e imbecil. Ocupa a
última página dos jornais. Por exemplo, com o desinfeliz da padaria
portugueza no correiodamanha e com João Miguel Tavares,
no Público.
E estamos nisto.
E estamos nisto.
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1 comentário:
Há animais que se espojam no excremento como defesa, o mau cheiro é o seu escudo, e também há gente cujo intelecto segue o mesmo princípio.
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