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Tal como Kurt Schwitters, eu também prego os meus
quadros.
Ao contrário porém do grande artista alemão que morreu no exílio (num
campo de refugiados, em Londres), eu não tenho qualquer esperança. Nem na Arte,
nem no futuro, nem sequer na validade ou préstimo do meu trabalho. Mas isso não
me inibe de o fazer.
Os tempos também são outros, embora pareça que se repetem,
assustadoramente semelhantes. E não é em
farsa. É em comédia, triste e negra. Sem humor nem remissão.
Assim, ainda que embarcado à força numa nave de loucos, vou deixando marcos, testemunhos,
sinais exteriores do meu próprio exílio nesta viagem sem volta. Como este homem sentado com África na cabeça, uma composição de 130x94 com tábuas inúteis e
velhos sarrafos que me tem ocupado os dias deste inverno.
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4 comentários:
tábuas inúteis?
as árvores te agradecem
teres-lhes dado tão belo
préstimo
velhos sarrafos?
velhos, velhos,
são os trapos
(também ando com África na cabeça!)
Continua. Não há vacilar. Há continuar.
Gosto MUITO!
UnKnown sou eu, Amélia
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