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Maria de Belém Roseira é um dos vários candidatos provenientes
da área do partido socialista. Como tal, representa uma das sensibilidades mais
substanciosas deste partido arco-íris:
a mais beata e reaccionária: a que se dá, em simultâneo, à caridadezinha e aos negócios.
Segundo a circunspecta
Renascença, Maria terá mesmo integrado o famoso “grupo de Macau” (quando aí
exerceu o cargo de administradora da teledifusão
local) no qual pontificavam Jorge Coelho, António Vitorino e o inesquecível
Melancia, a governador.
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Oriunda (como Marcelo Rebelo de Sousa) daquele meio
social muito selecto, católico e conservador - o dos senhoritos - que vê o reconhecimento do mérito dos seus como
o privilégio natural de uma muito controlada denominação de origem, Maria de Belém exerceu desde muito cedo
altos cargos por nomeação. Licenciou-se em direito em 1972 e começou a carreira
logo no ano seguinte, por cima, como técnica
jurista no então Ministério das Corporações e Previdência Social na então
Direcção-Geral da Providência, nos tempos de Marcello Caetano.
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A partir daí foi sempre a subir e quase sempre
em instituições ligadas à saúde ou à previdência. Foi secretária d’estado de
Pintasilgo, chefe de gabinete do ministro Gonelha, Ministra de Guterres. Mas também
foi nomeada para outros cargos, sempre altos, por potentados cavaquistas: Leonor
Beleza (a dos hemofílicos) nomeou-a vice-provedora da Misericórdia de Lisboa e
Arlindo de Carvalho (um dos do BPN) administradora-delegada
do Centro Regional de Lisboa do Instituto Português de Oncologia. Mais
tarde haveria de presidir à comissão parlamentar de
inquérito "sobre a situação que levou à nacionalização do Banco Português
de Negócios e sobre a supervisão bancária inerente”.
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Maria de Belém é uma das duas únicas senhoras
que se candidata a presidente. Ao contrário dos homens, reconhecidamente incapazes
de se concentrarem em mais do que uma actividade ao mesmo tempo, as senhoras tem
nessa capacidade multitasquingue um
dos seus trunfos. Assim, embora Maria partilhe com as outras senhoras essa
conhecida capacidade de fazer, em simultâneo e na boa, várias coisas que se
complementam, possui também, além disso, a de fazer em simultâneo várias coisas perfeitamente
contraditórias. Foi assim que logrou presidir à comissão parlamentar da saúde pública
ao mesmo tempo que prestava consultadoria remunerada, presumo que para defender
interesses privados, ao grupo Espírito Santo.
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Para quem vê nesta capacidade uma mais
valia para o desempenho do cargo de Presidente da República, ela é a candidata
ideal.
É pelo menos essa “força do carácter”, um dos primeiros slogans escolhidos pela sua
candidatura, que desvanece alguns dos seus apoiantes conhecidos - vivos ou mortos; efectivos ou alegados - como o patético
poeta Alegre ou a recentemente falecida Maria Barroso.
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1 comentário:
Começo por aqui
não é por nada
apenas me distrai
( e a Tia é como aqui)
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