Em França, Sarkozy defende a reinstauração da pena de
morte, ainda que apenas para os suicidas. Hollande, por sua vez, declara guerra a uma obscura e claramente
mafiosa entidade muito mais do que apenas vagamente patrocinada pelo seu maior
aliado. Assim vai a doce França. O cumprimento das sacrossantas metas do défice
vai às urtigas por via das novas prioridades da segurança e da gastança
militar. As acções das empresas de armamento sobem em flecha. Que se foda o
tratado orçamental, n’est ce pas, monsieur le president? Os mercados estão esfuziantes.
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Entretanto, na república das bananas de portugal, o rei
aníbal cavaco reuniu os lordes. Banqueiros, ex-ministros das finanças e outros
ex-notáveis mais ou menos aposentados. Em câmara ardente. De olhos vermelhos e pingo
no nariz lá desfilaram um após outro na ante-câmara do salão do palácio de Belém,
todos muito tementes a deus e aos mercados, todos muito preocupados com o
cumprimento das metas do défice, dos tratados internacionais, e igualmente ciosos
das suas pêpêpês e outras prorrogativas e propriedades, agora ameaçadas plos avanços
dos comunistas.
Tudo indica que suachelência,
que já tinha estudado todos os cenários e previsto todas as possibilidades, quer
saber se há-de dar posse a um governo legitimado por uma maioria absoluta em uma
assembleia acabadinha de ser eleita. A verdade é que nem foi preciso convocar a
bruxa Maia para consultar o zombie de Santa
Comba. No país do cavaco, esse anibal-político, a democracia é uma batata: o
povo vota e no fim é o senhor presidente do conselho que decide quem governa, aconselhado pla brigada do reumático dos mercados.
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Mas a vida não é só telenovela. Há mais. E muito melhor.
Há Shakespeare. E ópera. E a pintura, claro. Esta “antes de tudo”, como dizia o
pintor Luis Dourdil.
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À divisão de cultura da Câmara Municipal da Figueira da Foz deve ter sobrado
algum do que habitualmente destina a entreter
o pagode, à animação de massas.
Assim, depois da grande
noite dos esqueletos (que em monumental autedór halloweenesco prantado à entrada da cidade pretendia cativar os
fedelhos para as maravilhas do entretenimento no museu) tudo indica que ainda foi
possível reunir algumas sinergias para trazer à Figueira uma das exposições que
comemoraram, ao longo deste ano em Lisboa, o centenário de Luis Dourdil. Uma exposição de pinturas e desenhos (e que
desenhos!) de um pintor cujo percurso “construído
fora da academia” e voluntariamente “excluído
dos circuitos comerciais” lhe permitiu construir - “longe do reconhecimento do grande público”, de forma quase
silenciosa, ao longo de décadas - uma obra densa, exigente e coerente, de uma
sensibilidade reflexiva contida mas exuberante e sofisticada.
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Na cidade que habitualmente se rebola de regozijo na sazonal
mediocridade das manualidades da arte de
pequeno formato e se deleita com outras manifestações do mesmo canhestro amadorismo
armado aos cágados, isto é uma tijolada no charco; um despropósito irreverente,
uma excêntrica bizarria. É uma prenda. Um luxo – isto lava os olhos a um homem.
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Ide ver. Até 31 de Janeiro. No Museu Municipal Dr. Santos
Rocha, na Figueira da Foz. Ainda por cima é de borla.
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2 comentários:
Fosse a Figueira logo ali...
Luis Dourdil - fiquei maravilhado com os seus trabalho.Como é possível não haver divulgação dos nossos valores? Mais uma vez obrigado Fernando.
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