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Mostrem-me um anjo e eu
pintá-lo-ei
Gustave Courbet
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Bem sei que o universo luso-tropical não produziu ainda
nenhum espírito universal, nenhuma alma generosa ou genial. As sociedades civis
dos países que acederam à independência política com o fim da ditadura
portuguesa ainda não geraram nenhum exemplo para o mundo como Mandela, como Wangari
Maathai ou como Denis Mukueje; nem o seu universo cultural intelectuais com a
dimensão de Soyinka ou Achebe ou Gordimer ou Ki-Zerbo ou Naguib Mahfouz.
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Se estas sociedades não têm grande apreço pelas ciências
ou pelas humanidades têm todavia em grande conta outros valores imutáveis, como
o dinheiro. E um fascínio indesmentível por quem o possui. Esse é o valor cultural
indiscutível, partilhado por ex-colonos e por “ex-colonizados”.
A verdade é que os países saídos do “mundo que o
português criou”, continuaram (e continuam ainda, porque se revêem nele) a copiar o antigo modelo.
Quarenta
anos após a independência é à capital do antigo império que as suas classes
dirigentes, recentemente enriquecidas, vão às compras, ao médico, fazem
vultosos investimentos e é nos seus valores
que, aí em colégios mui selectos, fazem instruir
os seus filhos.
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Foi o caso de Álvaro Sobrinho. Um génio da alta-finança.
Um anjinho negro luso-tropical que, doutrinado
pelo ex-dono-disto-tudo - o Espírito Santo himself
- chegou mesmo a ser o seu preferido. Ao contrário contudo do seu mentor,
Sobrinho não é (ainda) um anjo caído.
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Dono de uma fortuna de
vinte milhões por explicar, dele se diz que, se quisesse, duplicava a sua fortuna só em processos por calúnia. Diz-se
também que esteve envolvido na transferência de Jorge Jesus para o Sporting -
aqui com a colaboração do senhor Obiang, essoutro angelito negro do universo luso-tropical da cêpêélepê (que também já
retratei aqui).
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Além de ser dono do Banco “Valor”, em Angola, Sobrinho também
possui a maioria das acções do Sporting Clube de Portugal, do semanário “Sol” e
das conservas Bom-Petisco; explora ainda a área
comercial do diário "i" e
tem um acordo para a sua eventual compra no futuro; também quis comprar
a RTP e a SAD do Leixõesfutebolclube, esteve envolvido em vários processos de
corrupção, lavagem de dinheiro e gestão danosa e até com a filantropia em
África (é
presidente do Planet Earth Institute, uma ONG registada no Reino Unido).
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Por que isto existe, fiz-lhe um retrato. Pra não dizerem que não “pinto” anjinhos negros.
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2 comentários:
Bem, os nomes evocados já eram antes do acesso às independências. Dos lusófonos posso citar Viriato da Cruz, Agostinho Neto, Amílcar Cabral,Mondlane, Mário de Andrade, Castro Soromenho. E muitos outros, com certeza. São exemplos, sim.
talvez mais TIO do que SOBRINHO
abraço
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