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terça-feira, 17 de junho de 2014

Herbert Read


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 A palavra “glória” perdeu a honra, sendo agora difícil restituir-lha. A sua ligação demasiado íntima com a grandeza militar estragou-a; tem sido confundida com fama e ambição. Contudo, a verdadeira glória é uma virtude interior e discreta, que só se consegue realmente descobrir na solidão
Herbert Read
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Quando a realidade, com tudo o que importa de estupidez e vacuidade ou aparente ausência de sentido, me acabrunha demasiado, faço como Graham Greene. Tento evadir-me. Uma das maneiras de o fazer é através dos seus livros. A leitura é uma das melhores e mais baratas formas de evasão. 
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Evadir-me com esse inglês invulgar é sempre uma bela (exaltante e desconcertante) aventura. É a ele que tenho recorrido inúmeras vezes ao longo da minha vida - “Vejo agora que tanto as minhas viagens como o próprio acto de escrever têm sido maneiras de me evadir... Escrever é uma forma de terapia. Por vezes pergunto a mim próprio como é que aqueles que não escrevem, compõem ou pintam, conseguem fugir à loucura, à melancolia e ao medo inerentes ao género humano”.
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Na releitura do seu belo livro de memórias, “Caminhos de evasão”, deparei-me com uma referência ao seu amigo Herbert Read  - “uma amizade pode ser um dos acontecimentos mais importantes da vida de uma pessoa e, tal como escrever ou viajar, pode também servir de evasão à rotina diária, à sensação de fracasso e ao receio do futuro”.
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Herbert Read, foi um intelectual de esquerda, poeta anarquista, crítico literário e de arte e pensador revolucionário que apregoava a educação pela arte, e pela paz. “Ganhou uma Cruz de Guerra e uma Medalha de Serviços Distintos devido à sua luta na Frente Ocidental –  mas quando partiu para aquele palco de morte e desolação, levou consigo a antologia de Robert Bridge, The Spirit of man, a República, de Platão e Don Quixote.” O seu único romance, “The Green Child”, era, para Greene, “um dos maiores poemas deste século”; o seu “English Prose Style”, “obra de leitura obrigatória para quem quisesse ser escritor” ; o seu “Wordsworth” - “jamais alguém escrevera acerca de Wordsworth de uma maneira tão reveladora, ou melhor, tão auto-reveladora” – e o seu “The innocent Eye”, “uma das melhores autobiografias de língua inglesa”.
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Quando o jovem Greene, romancista fracassado, recebe de Read um convite para jantar: “Só cá estára o Eliot  (T. S. Eliot), mais ninguém, e vai ser muito informal -  para ele, “essa situação poder-se-ia comparar a receber uma carta de Coleridge, na qual ele dissesse : “Só cá estará o Wordsworth, mais ninguém.
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É uma lástima que intelectuais como Herbert Read estejam hoje, helas, demasiado esquecidos. Sobretudo quando o conceito de “glória” está cada vez mais associado à prática analfabeta do chuto na bola, o de “prestígio” ao triunfo torpe do dinheiro e se alimentam, em jornais de referência, grandes expectactivas quanto à saída dos intelectuais” “de direita” do armário.

Mas a verdade é que há palavras que, além de perderem a”honra”, também perderam o sentido. Como a palavra “intelectual”. Ou a palavra "honra", por exemplo.
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1 comentário:

catarro disse...
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