.
O mundo da ciência está perplexo.
Portugal, esse pobre e mal fadado jardim à beira-mar
plantado, é o único país da Europa onde não existe extrema-direita, pelo menos com
percentagem eleitoral relevante. Portugal transformou-se assim numa espécie de
Entroncamento da Europa. É um caso de estudo para sociólogos e politólogos de
todo o mundo. Todos os dias chegam à Portela xárteres deles para estudar o
fenómeno.
.
Sim, porque os estudiosos nacionais destes fenómenos não
se entendem. Para alguns, embora o país seja um viveiro de reaccionários, o terroir não é propício ao fascismo
propriamente dito – “não por falta de
apoio mas por ausência de causa”- dizem, entendidos.
.
- Além disso, para uns os reaccionários dão-se bem com o
sistema - estão plenamente integrados nele (mais ou menos como o actual
presidente da República no antigo regime) - porque os
partidos da direita tradicional (o social-democrata
e o centrista) e da moderada (o socialista) lhes satisfazem perfeitamente
todos os frémitos totalitários e até as ânsias mais exclusivistas.
- Depois porque, para outros, o país é tão pobrezinho
coitadinho e a capacidade de associação e propagação de ideias na sociedade
civil é tão fraquinha que “nem sequer temos
extrema-direita”.
-E porque, dizem ainda outros, desanimados, “os portugueses são muito respeitosos e
politicamente correctos, é uma particularidade nacional”.
-E finalmente porque, acrescentam ainda outros, “existe
uma maioria sociológica d’esquerda”.
.
Deve ser por tudo isto, ou por alguma das partes, que a
maior parte dos portugueses (a tal maioria sociológica) fica em casa, no sofá,
em dia de eleição e permita que a outra parte (a minoria, presumo que de direita), eleja um taxista d’esquerda para um parlamento
europeu infestado de nazis.
.
Os portugueses são
assim. Um enigma para o mundo, um mistério para as ciências humanas. Deduzo que
pensam que é assim que mostram às putas quem é que são os coirões.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário