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quinta-feira, 29 de maio de 2014

O taxista d’esquerda entre os sequinédes

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O mundo da ciência está perplexo.
Portugal, esse pobre e mal fadado jardim à beira-mar plantado, é o único país da Europa onde não existe extrema-direita, pelo menos com percentagem eleitoral relevante. Portugal transformou-se assim numa espécie de Entroncamento da Europa. É um caso de estudo para sociólogos e politólogos de todo o mundo. Todos os dias chegam à Portela xárteres deles para estudar o fenómeno.
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Sim, porque os estudiosos nacionais destes fenómenos não se entendem. Para alguns, embora o país seja um viveiro de reaccionários, o terroir não é propício ao fascismo propriamente dito – “não por falta de apoio mas por ausência de causa”- dizem, entendidos.
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- Além disso, para uns os reaccionários dão-se bem com o sistema - estão plenamente integrados nele (mais ou menos como o actual presidente da República no antigo regime)  - porque os partidos da direita tradicional (o social-democrata e o centrista) e da moderada (o socialista) lhes satisfazem perfeitamente todos os frémitos totalitários e até as ânsias mais exclusivistas.
- Depois porque, para outros, o país é tão pobrezinho coitadinho e a capacidade de associação e propagação de ideias na sociedade civil é tão fraquinha que “nem sequer temos extrema-direita”.
-E porque, dizem ainda outros, desanimados, “os portugueses são muito respeitosos e politicamente correctos, é uma particularidade nacional”.
-E finalmente porque, acrescentam ainda outros, “existe uma maioria sociológica d’esquerda”.
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Deve ser por tudo isto, ou por alguma das partes, que a maior parte dos portugueses (a tal maioria sociológica) fica em casa, no sofá, em dia de eleição e permita que a outra parte (a minoria, presumo que de direita), eleja um taxista d’esquerda para um parlamento europeu infestado de nazis.
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Os portugueses são assim. Um enigma para o mundo, um mistério para as ciências humanas. Deduzo que pensam que é assim que mostram às putas quem é que são os coirões.
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