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O
objectivo de uma piada não é degradar o ser humano,
mas lembrar que ele já é degradado
mas lembrar que ele já é degradado
George Orwell
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“Analisar o humor, terá dito Elwyn Brooks White, um dos
nomes mais antigos da revista “The New
Yorker”, “é como dissecar uma rã. Poucas pessoas se mostram interessadas e no fim
a rã morre”. A frase é certeira e não é difícil demonstrá-lo: nada tem
menos graça do que ter de explicar uma graça.” (daqui)
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Vem isto a propósito de um curioso comentário ao meu boneco do Eusébio e, em termos mais
gerais, a propósito das interpretações de um desenho que escapam às intenções
do seu autor.
É preciso ressalvar que o desenho é uma convenção. Utiliza
uma série de códigos mais ou menos estilizados que se tornam inteligíveis porque
foram convencionados entre o artista
e o público – por exemplo, dois simples traços curvos num papel sugerem uma ave
no firmamento, um traço vertical encimado por um círculo pode sugerir uma
árvore, etc. – as pessoas aceitam e entendem estes sinais embora saibam (pelo
menos as mais inteligentes) que o mundo representado pelo desenho não é assim.
Isto ainda é mais verdade no desenho de humor, na
caricatura. Aqui nada é, nunca, literal - nem o traço, nem a cor.
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As coisas escapam porém, amiúde, ao controle de quem as
cria - a criatura ao criador, a arte ao artista. O significado último ou definitivo
de uma obra não depende do seu criador, mas do observador. O ónus da
interpretação cabe sempre a quem observa - à sua sensibilidade e mundivisão. Por
vezes há tantas interpretações e significados quantos os observadores. Sobretudo
em terrenos movediços como o da Arte (neste capítulo aliás, as obras de fascínio
mais duradouro são aquelas que escapam a qualquer entendimento ou interpretação
- como a Gioconda ou As Meninas ou qualquer coisa de Vermeer
ou de di Chirico, por exemplo) ou como o do Humor, onde as obras mais
fascinantes são aquelas cujo significado pode ter vários e simultâneos sentidos
para o mesmo observador.
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A verdade é que, como diz o poeta Alberto Pimenta, “cada coisa pode ser o contrário do que é”,
porque “a função das coisas é ser aquilo
que se quer que elas sejam”.
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2 comentários:
O que seria da arte sem a diversidade de interpretações? :)
O que era arte quando era uma obra de arte? Para se fazer obra é preciso ter arte. E quem dialogue a obra para fazer surgir a arte.
É a diferença entre os museus e a internet.
Obrigado pela obra. E pela arte.
Para a eternidade fica o diálogo de todos com a obra de arte.
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