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A Argentina é, como Portugal, um país muito dado a
messianismos e a uma cultura popular tão adepta da “autoridade” como propícia à
cobardia cívica que torna possível as piores tiranias, com os seus cortejos
iníquos de atrocidades.
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Todavia, ao contrário de Portugal (cuja democracia permitiu o exílio dourado dos
ditadores, a liberdade impune de todos os seus quatrocentos mil bufos e até a
condecoração de alguns torturadores) a Argentina decidiu por fim julgar os
seus. E condená-los.
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Foi assim que Jorge
Videla, o presidente da Junta militar (até 1981) que governou o país de 1976
a 1983 - com apoio de muito bom povo, do empresariado, dos estados unidos e da santa
madre igreja - foi parar à cadeia.
Em 1985 foi detido e condenado a prisão perpétua por 66
assassinatos, centenas de raptos e casos de tortura, mas foi amnistiado, em
1990, por Carlos Menem. Todavia, oito anos depois seria de novo detido e acusado do
rapto sistemático de recém-nascidos às mães detidas. Por este crime seria finalmente
condenado, em Julho de 2012, a cinquenta anos de prisão.
Acusado ainda pela sua participação no Plano Condor –um acordo
com as ditaduras do Chile, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai para o assassínio
dos seus opositores – seria condenado a prisão perpétua, em 2010, por “crimes
contra a humanidade”.
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Morreu esta semana, que se fodeu.
Na cadeia, que é onde devia viver para sempre, o filho da
puta.
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