.

sábado, 1 de agosto de 2009

A ASAE da língua


Grassa pela blogosfera uma punhetice, certamente fomentada por entediados mas muito sofisticados literatos lisboetas, que consiste na pretensão de “abolir o ponto de exclamação”. Esse mesmo.
Como estamos em plena silly season, a frivolidade onanística em questão ameaça tornar-se numa petição. Até já tem um “símbolo”, “uma “imagem”, uma “bandeira”, um banner, que certos blogues bon-chic bon-genre à míngua de causas e de prestígio se prestam a usar orgulhosamente na lapela, como os membros de um clube muito restrito e selectivo.
Nada tenho contra nem a favor do ponto de exclamação. Concordo em absoluto que o seu uso no meio jornalístico ganhou dimensões absurdamente pornográficas. Mas não deixo de me espantar que, embora sempre tenham existido pruridos de “elegância” no uso da língua, a sanha “purificadora” e militante já esteja organizada em brigadas identificadas de vigilantes dos maus costumes linguísticos, condicionando as boas almas que escrevem na blogosfera (a partir de agora interrogar-se-ão sempre que utilizarem uma exclamação).
Por exemplo eu, que não tenho grandes preocupações com o “requinte estilístico” destes pobres textículos (só servem mesmo para ilustrar os desenhos e dar-lhes, digamos, uma certa cor local) estou indeciso: com que caralho de ponto se enfatiza “sofisticadamente” uma perplexidade?
- Receio que seja aquele que certos críticos recomendam aos que não levam "a escrita a sério".
.

2 comentários:

CS disse...

Não seria melhor que se entretivessem a discutir o ponto de cruz?

António Lopes disse...

É interessante o fim de caminho a que levou um link que me enviaram.
Há uma pessoa talentosa que fotografa, e alguém que manifesta publicamente - talvez mais do que publicamente - o apareço por esse trabalho. É caso raro alguém ter a coragem de manifestar, expôr-se, tomar partido, arriscar (?), por um "fragmento de obra" que aprecia. É comum as pessoas lançarem-se em manifestações públicas de apreço e elogio quando já algum reconhecimento está assegurado por outros. Nesses casos, não há nada a arriscar. Bonitos exemplos: a fotografia e o reconhecimento.