.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Moedas, trocado em miúdos




 

.

O homem auto-satisfeito desconhece o vexame

Lao Tse


Carlos Moedas é um fenómeno. Apesar de nunca ter sido reeleito, o autarca de Lisboa exibe a mesma pose seráfica, de contentinho de si-próprio, cheio de vento e abençoado por nossosenhor, que outros portentos da mesma área política repetidamente empoderados pelo sempre imarcescível, indulgente ou cúmplice, favor popular – como em Oeiras Isaltino de Morais ou Santana Lopes na Figueira da Foz.

Todavia, além da pose, Moedinhas também pratica fluentemente, sobretudo como este último, o mesmo discurso melífluo, piedoso e paternalista, lânguidamente bafiento, paroquial e reaccionário - mas com a vantagem de o fazer com voz de cana rachada. De maneiras que, “ouvisto” por detrás, pola frente e de ambos lados, Moedas parece sempre uma velha. Faz as almas pequenas. Também faz lembrar o Doutor Salazar, outro portento político que, não desfazendo, também foi imensamente abençoado por nossosenhor na sua época, e ainda hoje, por um basto eleitorado conservador.

Para o eleitorado conservador aliás, como é sabido, todo o futuro é invariavelmente inquietante porque, para esta brava gente, por princípio, tudo o que é novo é desconhecido e, como tal, sempre ameaçador. Portantos deve ser por isso (por já lhes soar familiar) que o que Moedas, e a sua voz esganiçada, representam - para todos, na velha, e na nova, direita portugueza – é muito mais do que uma simples promessa. Trata-se de uma verdadeira esprança, muito plausível, quase uma garantia, de um futuro tão suficientemente tranquilizador e aprazível como o passado que tanto prezam.

.

1 comentário:

X Dias Longo disse...

Mais uma figurinha da nossa classe política, fabricada pela comunicação xuxicial.