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“A França é o país onde as lutas de classe,
mais do que em qualquer outro lugar, foram sempre levadas às últimas
consequências, e onde, portanto, as formas políticas mutáveis, no interior das
quais se processam e se resumem os seus resultados tomam contornos mais nítidos.
Centro de feudalismo na idade média, país clássico, depois da Renascença, da monarquia
hereditária, a França, na sua grande Revolução, destruiu o feudalismo e
instaurou o domínio da burguesia com uma característica de pureza clássica
inigualada por qualquer outro país da Europa. Igualmente a luta do proletariado
revolucionário contra a burguesia dominante reveste-se aqui de formas agudas,
desconhecidas em qualquer outro lado.”
Friedrich Engels, no prefácio
à terceira edição alemã de “O 18 de Brumário de Louis Bonaparte”, de
Karl Marx
Para a imprensa dominante em Portugal não se passa nada de particularmente
relevante em França. Tout va bien, madame la Marquise. De França, nada a
reportar. Excepto, claro, algumas frioleiras refrigerantes como a inaudita
derrota do PSG em casa frente ao Lyon e o inefável referendo ao povo de Paris
que proibiu as trotinetes.
E, no entanto, o povo de Victor Hugo está outra vez
na rua. Miserables, milhões de franceses pauperizados pelo capitalismo
desfilam ruidosamente a sua cólera nas ruas de todas as cidades de França. Todos
os dias o proletariado, aquele povo cuja única fonte de rendimento é o
trabalho, cada vez mais precarizado, mal-pago e com menos direitos, desafia corajosamente
a mais brutal repressão de um estado cada vez mais policial tomado pela alta-finança
através de um títere com o rosto infame e lavadinho de um Rostschild-boy
tão medíocre como o imbecil, vingativo e prepotente Louis Bonaparte e com as
mesmas pretensões a imperador. Em 2017 fiz-lhe este retrato. Não
vejo motivos para o corrigir, ou retocar.
Hegel disse: “Ah e tal, a História repete-se pelo menos
duas vezes”. Ao que Marx acrescentou: “A primeira vez como tragédia, a
segunda como farsa”. Eu, ai de mim, atrevo-me a sugerir que a terceira pode muito bem ser como fantochada.
1 comentário:
Os franceses precisam de levar nas orelhas para acordar e esquecer o seu chauvinismo.
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