Figueirenses e Figueirensas!,
a edição deste discurso, em Janeiro durante o confinamento, esgotou-se logo no mês seguinte, para minha grande surpresa e satisfação. No entanto os pedidos que me chegaram vieram, na sua maior parte, de fora do concelho e para lá foram sendo expedidos, deixando-vos lamentavelmente à mingua de conhecimento de uma obra que vos concerne e que, em primeira mão, vos era destinada.
Entretanto ululam outra vez, na Figueira, ventos messiânicos. A História da Figueira é a história do sebastianismo-de-praia, em círculo vicioso e viciado, repetitivo e redundante. A atracção colectiva pelo abismo é uma dança macabra e celebra-se alegremente, cantando e rindo. O que foi comédia triste promete repetir-se em farsa patética. A Figueira, que já é uma anedota pronta, prepara-se de novo para ser a risota do país.
Ocorreu-me, por isto, pagar a impressão de
uma segunda
edição, igualmente restrita a cinquenta exemplares, mas desta vez
destinada exclusivamente ao, digamos assim, mercado bibliófilo
figueirense. Bem sei que este é um investimento de alto risco, num universo
de apenas setenta mil almas alfabetizadas, mas que quereis, eu gosto de viver
perigosamente.
Está disponível, a partir de hoje, na Papelaria Luzitana.
Portanto, Figueirenses e Figueirensas, surpreendam-me. E surpreendam-se, antes que esgote.
Trata-se afinal de uma obra rara, única no seu género; um estudo exaustivo do meio, do ambiente e do factor humano figueirenses. Tem tudo para se tornar um Clássico (como aliás explico no preâmbulo), com perspectiva histórica, análise microscópica de contexto, visão distanciada e tal. Uma verdadeira monografia, pouco académica é certo, mas muito séria (no sentido da honestidade) e nada complacente - características pouco habituais em discursos a vós dirigidos, sobre vós e sobre o vosso quinhão de território. Se houvesse um plano municipal de leitura esta obra seria obrigatória: se não para instruir novas e futuras gerações, pelo menos para as desenganar.
Não
obstante, se por acaso achardes a sua leitura de difícil digestão,
dolorosa ou até penalizante - habituados que estais a discursos melados de
vistas parciais favorecidas (com palas) e perlados de pílulas douradas e
lugares-comuns cúmplices e contentinhos - lembrai-vos da estoica sapiência dos
antigos: o que dói faz bem. Se doer muito, fará melhor ainda.
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