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Os ideais dos gramáticos reaccionários não podiam deixar de aclamar o
estilo de um homem cuja obra é uma escola de imbecilidade. Porque o que, em
Vieira podemos levar à conta de uma loucura de génio, é em Bernardes a
cretinice obsessiva de um filho natural de judeu e de mãe dissoluta, que quer
todos os cristãos à escala da sua castração mental.
Jorge de Sena
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Rentes de Carvalho é a mais recente estrela literária do firmamento das
letras luzitanas. O êxito contudo aconteceu-lhe já tarde na vida e de fora para dentro. Rentes tornou-se conhecido
com um êxito editorial na Holanda, onde está radicado há mais de cinquenta
anos. É verdade, no país das tulipas e das tamancas.
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Mas Portugal depressa o descobriu - diga-se que para ter
sucesso no país do sol-posto (a ocidental
praia lusitana) não há como ter sucesso lá
fora. Os tugas adoram vencedores.
De origem humilde e sucesso tardio, o Rentes tornou-se
porta-voz do que a nossa direita não confessa mas professa; uma espécie de intelectual orgânico invertido, ou às avessas; um saramago-de-direita. Um maitre
a penser cujo determinismo tremendista encanta os leitores do Observador e
os fãs de Francisco José Viegas, leva-os ao sétimo céu: apesar de ter obtido
êxito e vencido na vida, o Rentes declama peremptório que isso não é para
todos.
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Rentes é um prato cheio para quem aprecia um português “bom de lei”, como eles dizem. Na sua
escrita (vê-se que leu com proveito o padre Manuel Bernardes) não há cá
modernices, as histórias começam sempre no princípio e acabam invariavelmente
no fim; e no meio, que é onde está a virtude - como certamente sabem os devotos
do Padre Manuel Bernardes - é aí que ele parcimoniosamente dispõe as virgulas,
os advérbios e até os complementos directos. Eu tenho contudo para mim que o que
encanta esta turba na escrita do Padre Bernardes (e na do Rentes) não é tanto a bela prosa como
aquilo que vem embrulhado naquele português
bom de lei que tanto exasperava Jorge de Sena: o fedor a bafio, a imbecilidade
e ao mais reaccionário e xaroposo conformismo.
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O Rentes é careca. O Rentes é holandês. E fala como isso,
como um skinhead holandês. O Rentes diz cousas que eles nem pensam (eles não pensam) mas sentem; o Rentes fala-lhes
ao coração.
O Rentes vota na extrema-direita. Não por convicção – diz
ele – mas por protesto. Por reacção,
portanto.
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2 comentários:
Já sigo esta abantesma há muito tempo, muito publicitado pelos seus congéneres cá do burgo.
Foi dois em um
por economia de espaço
Abraço
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