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O humorista Jon
Stewart é uma celebridade. Apresenta, há dezassete anos, o Daily Show, um programa nocturno na
televisão norte-americana onde, através do humor livre e da sátira consequente,
trata de se divertir e divertir as pessoas tornando todos os dias mais evidente
a estupidez dos propósitos da mentalidade mais conservadora do seu país.
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A verdade é que nesse grande país que é o seu, apesar de
minoritário, há mercado para o humor
inteligente. Stewart é mesmo um dos comediantes de televisão mais bem sucedidos
e, dizem, uma das personalidades mais
influentes da América. Já anunciou porém a sua retirada definitiva do
programa para Agosto.
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Tenho visto com gosto alguns dos seus últimos programas
que a SIC-Notícias transmite. Apesar da habitual inteligência crítica e assertividade
sem concessões tenho constatado, em pequenos ápartes do seu discurso, uma cada vez mais notória melancolia.
Sempre lúcido, Jon parece não acreditar muito na velha
máxima latina “ridendo castigat mores”-
“Há 16 anos que faço o Daily Show e o mundo que gostaria que
tivesse mudado não mudou. Por muito poder que a sátira possa ter, não é
suficiente”, disse ele no ano passado,
em entrevista ao “Diário de Notícias”.
De facto, o riso não corrige os costumes. A verdade é que quanto mais inteligente e
sofisticado é o humor, mais limitado é o seu alcance - e quanto mais contundente e explícito for mais
ineficaz se revela perante a blindagem inexpugnável da estupidez dominante.
Jon Stewart sabe disto. Como ele refere: “Há
sempre limites e a mudança não vem da sátira. A mudança chega com aqueles que
estão no terreno! Às vezes, a sátira bem feita pode ter alguma influência - por
vezes, positiva... noutras negativa. A mudança é dos ecossistemas mais
complexos."
Porém, tentou. E foi isso que foi (tem sido) magnífico.
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2 comentários:
Todas as frentes de luta têm mérito, mas é no terreno que se formam os dirigentes sindicais, os quadros políticos; é na ação que a revolta leveda. E quem disto não se aperceba levará a vida a bater com a cabeça nas paredes, ou seja, na realidade.
Obrigada pelo registo.
Ainda bem que nos recordou. Andámos estes anos todos a vê-lo, a admirá-lo e quase corríamas o risco de o ir deixando esquecer.
:)
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