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terça-feira, 17 de março de 2015

Emir Kusturica

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Emir Kusturica é um músico e cineasta que é uma espécie de enxerto balcânico de Federico Fellini com Frank Zappa. Não é tão-tão como um nem bem-bem como o outro mas, ainda assim, possui de cada um deles algumas qualidades bem notórias, tais como uma imaginação delirante e rebarbativa e um humor escarninho e destemperado. Além disso é, hoje em dia, um dos poucos artistas reconhecidos que não teme tomar posição pública sobre o que acha pertinente, mesmo que "politicamente incorrecto".  
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Emir não gosta, por exemplo, daquilo que se convencionou chamar “ordem internacional” e di-lo alto e grosso, para grande escândalo das almas resignadas. Emir acha, por exemplo que o que foi feito na ex-Jugoslávia com o acordo do “concerto das nações” (incluindo o nosso lindo Portugal e o Vaticano) foi uma filhadaputice inqualificável.  Eu também. 
Emir também acha que o que o “concerto das nações” fez com a Iraque, o Afeganistão e a Líbia e está a fazer com a Síria e a Ucrânia é uma aleivosia do mesmo jaez. Eu também.
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Emir, tal como eu, também não tem os políticos eleitos em grande consideração. À excepção de um, “PepeMújica (sobre quem já me debrucei aqui).
Emir está em vias de culminar um filme sobre Pepe, de quem disse à imprensa uruguaia que é “o último herói que aceito como um herói no mundo da política. Dele ouvi uma explicação fresca daquilo em que acredito. Trata-se de um homem que acredita nas ideias e que necessitamos de um novo mundo”.
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Eu também acho notável alguém que mostrou que é possível um homem desempenhar-se de um alto cargo público sem jamais se ter sujado em “pragmatismos” acanalhados e oportunistas e nunca ter permitido que “banhos de realidade” lhe lavassem do cérebro as ideias em que acreditou toda a vida.

E também acho que alguém assim invulgar deve (só pode) ser celebrado por um semelhante.
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