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sábado, 21 de fevereiro de 2015

a cadeia alimentar

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A indiferença silenciosa, grave, quase benévola, 
é a manifestação legítima da morte de toda a crença
Alexandre Herculano
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A classe dirigente portuguesa, da qual tenho vindo modestamente a retratar os rostos mais proeminentes, não cessa nunca de me espantar. Se é consabida a estupidez, a cara-de-pau, a incompetência e a inépcia dos mais senis - aqueles que já viravam frangos no tempo da outra-senhora – assim como a sua consagrada impunidade, que dizer dos mais jovens; sim, da classe dirigente juvenil?
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Se todavia por enquanto ocupam ainda lugares subalternos, a verdade é que o futuro já lhes pertence – basta consultar as sondagens.
É o caso, por exemplo, do deputado João Portugal, sobre quem já me debrucei aqui. Este deputado por Coimbra acha que encanar a merda da vala de Buarcos para o mar resolvia os problemas da ecologia. Há povo qu’acardita. É por isso que o deputadinho Portugal, que tem um passado de jotinha num dos partidos do alterne e nunca perdeu uma eleição, tem um lugar quase cativo na classe dirigente do futuro.
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Outro dirigente também com futuro é o actual ministro do ambiente, Jorge Moreira da Silva. Também tem um passado radioso, na juventude do outro partido alternadeiro. E também se preocupa enormemente com os problemas da ecologia. 
Moreira da Silva acha, por exemplo, que se os portugueses pagarem dez cêntimos de euro por cada saco de plástico este deixará de ir parar - como Gepetto e o profeta Jonas - ao estômago das baleias nossas amigas. 
Há pessoas qu’acarditam (o povo em geral preocupa-se imenso com a digestão dos grandes cetáceos e com outros grandes e misteriosos problemas da ecologia). 
Também há pessoas que duvidam, claro. Mas à cautela, condensam esta atitude filosófica num judicioso “nunca se sabe...” que, segundo Graham Greene, representa “a sua mais profunda investigação no sentido da vida”.
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É por isso que estes gajos têm futuro. Se as baleias estão no topo da cadeia alimentar, a verdade é que, para eles, é o povo que está na base

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