Fiz uma dieta
rigorosa.
Cortei álcool,
gorduras e açúcar.
Em duas semanas perdi
14 dias.
Tim Maia
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Apesar de completamente desconhecido em Portugal, Tim
Maia era uma das melhores vozes negras do Brasil. Negras sim, caretinhas. Há
mesmo música negra no Brasil; e da
boa. Tal como racismo; e do feio; muito. A harmonia racial brasileira, o mesticismo cultural, só existe nos
devaneios tropicalistas de Gilberto Freyre
e aficcionados.
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Para ele, “génio complexo e contraditório”, “não tem esse negócio de mulato. Para lá de
branco é preto mesmo”. Senhor de uma voz profunda e um carisma à mesma
altura, Tim, “preto, gordo e cafageste”
como se auto-definia, também era dono de um sentido de humor desconcertante,
tão devastador como o seu temperamento. “Este
país não pode dar certo. Aqui puta goza, cafetão tem ciúme e pobre é de direita”,
dizia ele do Brasil.
Com um histórico de conflitos com as gravadoras, foi o
primeiro artista brasileiro a criar um selo próprio, nos anos setenta. Entretanto
algo mudou no seu país (enfim, os pobres já não são todos de direita) mas o sistema nunca lhe perdoou.
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A rede Globo, que ele processou várias vezes por direitos
autorais e que o boicotou durante anos, editou agora um telefilme biográfico “de
homenagem” que, no entender da família e dos amigos, “é um caso de polícia”. A
emissora, que apoiou a ditadura e continua o mais influente difusor da cultura
do preconceito no Brasil, deleita-se aí - além de alterar datas e factos
desfigurando tudo - a “branquear”(!) o seu arqui-inimigo de estimação - o
canastrão Roberto Carlos. “Morto, a emissora faz o que ele nunca permitiu: apropriou-se de Tim Maia. Roberto Carlos é apenas mais um detalhe feio nesse vale tudo”.
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A estupidez não esquece os
que a afrontam; e nunca lhes perdoa. Nem depois de mortos.
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