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sábado, 31 de janeiro de 2015

A ganância ainda vai dar cabo disto tudo

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“O espectáculo grotesco e boçal que observamos à nossa volta – política incluída - e os reflexos dele na nossa existência são a circunstância da nossa vida.(...) Porém, quando as decisões políticas, além de ultrapassarem a nossa compreensão, nos esmagam em sacrifícios, é imperioso tentar fazer alguma coisa.
Denunciar os sacanas - se a causa estiver nas sacanices; denunciar os incompetentes - se a causa estiver na incompetência.
Denunciá-los todos - se as causas forem estas.
O homem é ele e a sua circunstância. Por isso, deve denunciar as más circunstâncias.
Por isso, não podemos calar, pois se assim fizermos "a ganância ainda vai dar cabo disto tudo"...! (daqui)

O meu amigo António Agostinho tem vindo - ao longo de vários posts, no seu blogue "Outra Margem” - a denunciar a  pulhice, a incompetência, a ganância e a má gestão que se consubstanciam, ano após ano, na erosão do litoral costeiro. Ele é particularmente sensível a este fenómeno porque é natural e habita na Cova-Gala, uma terra bastante vulnerável à avidez da ganância e aos avanços do mar.
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Eu, que habito em Maiorca, uma freguesia interior, também podia testemunhar esse mesmo triunfo da estupidez e da ganância com provas documentadas: do empreendedorismo públicóprivado que levou ao actual estado de abandono, decadência e eminente derrocada do Paço de Maiorca, por exemplo. É o que farei aliás, em breve.
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Fazemos ambos no entanto o papel do fedelho, da estória de Andersen, que diz que o rei vai nú. O problema é que, entre nós, toda a gente o sabe e ninguém se importa. A prova disto é o facto, não dispiciendo, de o senhor cavaco ainda ser presidente. Toda a gente sabe que o estupor é um escroque, vai nú (e é medonho) mas ninguém se ri nem sequer se importa.
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Ao contrário porém de Agostinho, que parece acreditar  numa putativa regeneração cívica  - e daí na utilidade da denúncia pública - eu só o faço mesmo para memória futura. E, confesso, por pura derisão, e escárnio.
Perante o cinismo colectivo desta cidadania de merda (a consciência alargada de que “caladinho é que se vai longe”) é apenas do que sou capaz.
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