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Nos países “de direito”, os cidadãos livres regem-se por
leis. Sintéticas, claras, eloquentes.
Em Portugal não. Em Portugal ninguém se rege por leis, mas
por “pareceres”. Quanto mais “douto” for o “parecer” mais autoridade terá – mais força “de lei”.
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Neste país as leis são redigidas propositadamente numa
língua intrincada e ininteligível até a um português licenciado em direito. É
por isso que contratam “especialistas”; professores
de direito, para as traduzirem em
português que se entenda. Esse serviço,
digamos assim - em geral principescamente remunerado - chama-se “parecer”. Uma espécie de “Eu acho que”.
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Os mais considerados “eu acho que” são dados pelos doutos lentes da faculdade
de direito da Universidade de Coimbra meudeus, o mais antigo e
respeitado dos “achódromos” da nação.
É aqui que, desde a idade média, é formada
(e formatada) a nata dos governantes - os que redigem e aprovam as leis - desta nação valente. É aqui que se lhes
ensina a tradição. Nesta, o direito não
tem nada que ver com a busca da justiça, mas sim com perpetuação da iniquidade.
Esta tradição tão gritantemente medieval continua visívelmente bem viva: tanto
nos costumes iniciáticos dos seus estudantes (nas sevícias que alegre e consuetudinariamente
impõem uns aos outros) como nos pareceres dos seus doutos professores.
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É o caso do douto jurista
de direito bancário João Calvão da Silva, um dos dois eméritos professores de coimbrameudeus que deram um parecer - o “acho que” entregue plo banqueiro salgado ao banco de portugal e
lhe garantiu a “idoneidade” - que justificou a oferta de 14 milhões de euros que este recebeu do empresário guilherme.
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Ele “achou que”: “É
o bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade – comum unidade
-, com espírito de entreajuda e solidariedade. De outro modo, ninguém estaria
disponível para dar um conselho, uma recomendação ou informação a quem quer que
fosse”.
Por isso, tomei a liberdade de lhe fazer um “retrato”.
Trata-se
do meu parecer. Este é grátis..
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Adenda - depois de editar esta posta, fiquei a saber que a luminária de coimbrameudeus em referência também é político. Trata-se do mesmo João Calvão da Silva que foi deputado plo pêpêdê (um dos partidos BES) entre 1995 e 1999 e é actualmente presidente do conselho de jurisdição (oláoquiéaquilo) do mesmo partido. É a prova de que sempre é verdade que "les beaux esprits se rencontrent": por vezes, como é notoriamente o caso, até no mesmo corpo - e com o mesmo cérebro.
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