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Aécio Neves é o candidato da direita à presidência do Brasil. Aécio representa aquilo que de mais
reaccionário e medieval ainda existe no Brasil. Recentemente recusou-se a
assinar o compromisso contra o trabalho escravo; o que não deixa de ser natural, ele é o candidato natural da casa grande.
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Diz que Aécio tem hipóteses. É esse o paradoxo da "democracia representativa"*.
Outro candidato de
casa grande acabou de vencer eleições, mas em S. Tomé e Príncipe. E com o
babado apoio de uma curiosa coligação de políticos portugueses. É verdade, uma
patusca comitiva de personalidades representantes do arco do poder, dos negócios e do que há de mais
retrógado na antiga metrópole (onde
pontificava alegremente, entre outros sucialistas,
o inenarrável deputadinho figueirinhas
Joãozinho Portugal, que já retratei aqui), andou pla sanzala desse pobre paraíso equatorial a subscrever manifestos em defesa da democracia(!) a apelar ao voto no senhor
do engenho local, um tal de Patrice Trovoada.
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Não se sabe se também
pretendem ir ao Brasil declamar o seu apoio a Aécio (talvez não, duvido que
esse devaneio neo-colonial fosse encarado por lá, mesmo pelos senhores da casa grande e do engenho, com a mesma bonomia dos santomenses).
Mas a verdade é que
o possível triunfo de Aécio é o sonho
molhado destes senhoritos. Seria a utopia
de Gilberto Freyre materializada no século vinte e um. A vitória, tri-continental e em toda a linha
porque “democrática”, da casa grande
sobre a sanzala. A consagração, supõem eles que definitiva, do sempiterno fadinho
luso-tropical - esse lirismo alarve da
fatal, e resignada, iniquidade.
*confesso que tenho muitas reservas quanto àquilo a que chamam “democracia representativa”. Sempre me causou perplexidade o paradoxo iníquo e obsceno de um sistema no qual o voto de quem acredita na desigualdade vale o mesmo que o voto de uma pessoa decente. Não devia valer.
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1 comentário:
A luta também se trava neste lamaçal, mas apetece-me dizer "ELECTIONS PIEGE A CON"
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