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É cada vez mais evidente que a “união europeia” foi um
sonho lindo que acabou. Isto parece bastante óbvio, excepto talvez para alguma
classe política e empresarial portuguesa (as do arco-do-poder); curiosamente as
mesmas que em 1961 também “não se aperceberam” do fim inexorável da era
colonial. Na realidade, para a classe
dirigente nacional, a união europeia nunca passou de uma nova “árvore das
patacas” que substituiria a colonial.
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Convenhamos no entanto que a ideia de uma vasta
cooperação entre estados europeus que evitasse a matança a que ciclicamente se
entregam os seus povos era uma ideia do caralho. Mas, como muitas boas ideias, revelou-se
afinal uma triste quimera. E a sua “prosperidade
distribuída” uma fantasia de ouropel.
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A verdade é que não há utopia da igualdade que não
esbarre nesse estrupício que é o dinheiro
como valor supremo. Por isso sempre
me pareceu um tanto esdrúxulo querer edificar uma espécie de utopia igualitária
com base no capitalismo e nas leis do mercado –- é um pouco como se Vasco da
Gama tivesse escolhido ir à Índia pela linha da Pampilhosa.
E querer fazê-lo com a colaboração de estafermos como o
“nosso” zémanelBorroso também não
terá ajudado. O seu legado é uma Europa mais desigual, desequilibrada e cada
vez mais potencial palco de conflitos. O fundamentalismo monetário da sua comissão despertou
por todo o continente velhos fantasmas (racismos, regionalismos, patriotismos e
outros velhos preconceitos de opereta que se presumiam ultrapassados pela educação cívica e pelo bom-senso de uma
certa cultura geral) que podem
precipitar de novo a velha Europa naquilo que se pretendeu evitar com a criação
da União Europeia.
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A obtusa comissão burrosa
conseguiu até o feito de fazer o velho fascismo inglês (sempre larvar mas
residual) ganhar representatividade eleitoral. Por isso agora é David Cameron que, em arroubos
populistas, diz que a sua pérfida albion
não paga; há-de pagar, claro - mas não sem antes sacar, como é evidente e habitual, mais umas quantas contrapartidas,
em privilégios ou em géneros.
É também esta prática de benefícios exclusivos pra uns
que consagra a marginalização dos outros e prova a inexorável falência moral de
uma tão alegada como pífia união “de iguais”.
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O sonho lindo do oásis de paz, cooperação e
livre circulação revelou-se um pesadelo: um novo triunfo dos porcos cuja narrativa
da inevitabilidade repete ad nauseam
(para consolo das almas cínicas ou resignadas) que haverá sempre uns mais
iguais que outros e mainada.
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1 comentário:
Nesta Europa, ninho de bárbaros que se autodenominou civilizada destruindo civilizações, quanto menor for a sua área de saque menos se entenderá. A “União” Europeia é um saco de gatos com um cão lá dentro.
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