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O jornalismo de merda é uma variante de jornalismo muito popular.
Ocupa cada vez mais espaço nos jornais, nalguns jornais o espaço todo. O género
não é, no entanto e ao contrário do que se poderia pensar, cultivado apenas por
tarefeiros semi-analfabetos e precários. Pelo contrário, os seus maiores cultores
são verdadeiros profissionais, alguns muito bem remunerados.
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É o caso de José António Saraiva, a quem já me referi aqui,
ainda que de modo lateral. Saraiva não é, no entanto um jornalista-de-merda
qualquer. Arquitecto de formação, foi director do mesmo jornal "de referência" (o Expresso do doutorbalsemão) por
vinte e dois anos consecutivos; hoje dirije o Sol.
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Saraiva é um estilista. O seu estilo, de uma sordidez difícil de igualar, alia uma rebuscada velhacaria
a uma inefável e transparente candura – característica que, malgré lui, faz da sua prosa confessional um manancial precioso (para quem lograr lê-la sem vomitar) sobre o
milieu da alta política e da notícia publicada; está lá tudo (por
vezes com requintes de pormenor) sobre como se tomam decisões, trocam favores e
sobretudo como se arranja posição, ou
seja, sobre como se sobe e como se desce em Portugal.
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4 comentários:
Começo por dizer que não tenho a mínima consideração por José António Saraiva. A mínima, sequer. Mas tenho que referir que ele não «começou a sua carreira no jornalismo logo por cima», como escreveu. No tempo da "outra senhora", José António Saraiva era redator do Comércio do Funchal, juntamente com Vicente Jorge Silva. O semanário de papel cor de rosa, que se tornou uma referência no jornalismo oposicionista ao regime, era praticamente feito só pelos dois. Depois, com o aparecimento do Expresso, foi a trampolinice que se viu e vê.
Tem razão, Fernando. Está corrigido. Contudo asseguro-lhe que o li nalgum lado, pois a minha imaginação não daria para tanto. olhe, é o que dá escrever estes textículos à pressa para "ilustrar" os desenhos.
Fui assinante do Comércio do Funchal e, não teria sido por acaso que a censura "fechava" os olhos a muito do que era publicado, enquanto que o também semanário "Opinião, era a única publicação do Norte que passava pelo crivo do lápis azul de Lisboa.
A origem dos esquerdelhos está documentada.
Ora porra!
Ora porra!
Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.
Álvaro de Campos
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