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Ora porra!
Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.
Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa.
Lisboa: Estampa, 1993.
O meu amigo Agostinho editou ontem no seu blogue
uma muito assertiva e pertinente reflexão sobre a imprensa figueirense.
Conhecedor do meio como poucos, Agostinho chega mesmo a
enumerar os seus problemas e a dar nomes aos principais pecadilhos do
jornalismo local. O seu certeiro diagnóstico (com o qual não posso deixar de
concordar) é francamente desanimador.
Com o que não concordo, infelizmente, é com o
optimismo com que Agostinho, apesar disso, culmina a sua reflexão. Segundo ele “Algo
está a mudar. Lenta, mas progressivamente, a influência dos media na sociedade
está a impor leitores, ouvintes e telespectadores cada vez mais
críticos e atentos à comunicação social e à sua mensagem. No País em geral. E
também na Figueira.”
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Eu não acredito.
Não acredito que numa cidade com trinta mil
habitantes e sede de um concelho com cerca de setenta mil onde não há “viabilidade económica” para uma única
livraria – uma, uma simples livraria
digna desse nome – haja “leitores,
ouvintes e telespectadores cada vez mais críticos e atentos à comunicação social e à sua mensagem”.
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Não há, Agostinho. Porque já ninguém lê. Ou porque, como escrevi aqui, nofundonofundo ninguém quer saber.
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Chamem-me cínico, ou derrotista, ou botabaixista,
mas a verdade é que, como também já referi aqui, se a imprensa figueirense “é
mole, reverente, beija-mãos, arrasta os pés e lambe-cus é porque afinal está à
imagem da maioria dos seus leitores, o seu “público alvo””.
Essa é que é essa, Agostinho. Lamentavelmente.
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