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Há cerca de 18 anos, por volta de 1996 ou 1997, eu era
jornalista amador (já fiz uma porção de coisas na vida, quase todas sem fins lá
muito lucrativos). "Animava" então um quinzenário de informação, na Figueira da Foz.
Nesse tempo, António Guterres governava a choldra e Jorge Coelho era o seu
ministro plenipotenciário.
Foi por ocasião de uma visita deste à região, acompanhado
pelo então deputado por Coimbra Manuel Alegre e vasta comitiva, já não me recordo a que propósito,
que foi concedida uma conferência de imprensa na sede da Junta de Freguesia de
Buarcos. Embora não fizesse habitualmente a cobertura deste género de eventos
(a mim cabia-me a composição e a orientação gráfica do jornal), como éramos
poucos, lá fui eu, enfim fazer a coisa.
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A sala estava toda iluminada. O “adido de imprensa” - uma
espécie de capataz às ordens do ministro que, da mesa, dirigia notoriamente os trabalhos - elucidou rispidamente os
“senhores jornalistas” que, por motivo da agenda carregada do senhor ministro, só seria permitida uma
pergunta por orgão de informação e que não seriam permitidas as que não
relevassem o assunto da visita. De seguida, qual feitor de herdade, escolheu a
dedo os previlegiados que, contentinhos
como se tivessem merecido um rebuçado, se aprestaram a fazer as perguntas
autorizadas.
É evidente que me levantei e me vim embora, enojado - enquanto
o ministro, que tinha assistindo a tudo com evidente satisfação, lhes ia respondendo
olimpicamente, sempre ladeado pelo poeta Alegre.
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Foi esta a ocasião em que estive mais próximo de Jorge
Coelho. Soube agora que, após um retiro empresarial
onde fez o seu tirocínio das obras-públicas
(curiosamente já depois de ter sido ministro das ditas), está de regresso às lides políticas sucialistas. A coisa promete.
Quem nunca se retirou das lides empresariais foi António
Vitorino (de quem também já falei aqui),
colega de Coelho nas lides sucialistas. Não há festa nem festança onde não vá a
constança – e esta constança não tem
parança – Vitorino acaba de aceitar gerir não-executivamente os Correios, depois de devidamente privatizados
pla sucialdemucracia.
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Quanto à Figueira, depois de um interregno
sucial-demucrata, regressou ao sucialismo.
E em força. O actual elenco camarário acaba de permitir o aniquilamento total do
que restou do bosque SottoMayor (sacrificado em 1995 pela gestão de Aguiar de
Carvalho no altar da urbazinação
sucialista).
Ainda na Figueira, na freguesia do Bom-Sucesso,
populares ameaçaram abandonar o saneamento básico e voltar a usar as fossas
sépticas - porque, segundo dizem - a companhia privatizada das águas da Figueira está, há 12 - doze anos -12, a encanar os eflúvios de merda da estação elevatória de Loureiros directamente para a Lagoa da Vela, por valas
e campos agrícolas. Até ao momento ninguém foi preso. Sei lá, por fraude (deduzo
que tenham cobrado taxas de saneamento plo serviço); por tentativa de envenenamento colectivo; por atentado ao ambiente ou ao pudor.
- A moral desta(s) estória (s) é que é um
erro julgar ingénuos os que se deixam representar por esta gente. Decididamente há ali também muita estupidez. E imensa
velhacaria.
Convenhamos que inanidades
deste jaez só são possíveis de alguma impunidade com uma vasta, unânime e zelosa cumplicidade. Aquilo a que se chama um entendimento.
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