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quinta-feira, 22 de abril de 2010

O símbolo da Figueira


O recente e pitoresco episódio do concurso para um logótipo do município da Figueira da Foz (com as indignações ressentidas dos nostálgicos de Santana Lopes e as subsequentes e hilariantes justificações do presidente da Câmara) levou-me a concluir que os responsáveis camarários estarão descontentes com o actual brasão da cidade.
Daí que eu, apesar de não pretender participar no dito concurso (já não tenho idade para jogos florais e prestígio é coisa que não me faz correr muito) não resisto a dar a minha modesta contribuição para a iconografia de um novo brasão mais actualizado e moderno, pois então.
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Embora não seja um especialista em heráldica, tentarei obedecer a parâmetros mínimos dos seus cânones: assim, e porque as pessoas já não se revêem no velho bergantim bacalhoeiro, a figura do escudo será o desenho acima, inspirado neste improviso sobre a mui nobre actividade do golfe, o novo paradigma local do investimento estruturante.
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A figura assentará sobre um esmalte dividido na vertical, em rosa e laranja (alusão às cores dos poderes do sempiterno alterne em vigor).
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Quanto às peças ou honrarias, em vez dos oito figos e respectivas parras do escudo actual, passará a ostentar nove buracos (que representam, literal e singelamente, o número de buracos do projectado campo de golfe de Buarcos).
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Os suportes, que são as figuras que sustentam ou guardam o escudo, poderão ser, de um lado uma torre de apartamentos (referência à especulação imobiliária, principal actividade económica da região); do outro, um eucalipto (referência à economia do endividamento, principal credo das elites políticas locais).
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A coroa, em vez dos cinco castelos, contará com oito quadrados estilizados que representam o cordão de torres de habitação social que circunda a cidade (poderá haver também aqui uma sibilina referência a uma estruturante, ainda que informal, actividade económica típica: o aluguer do recuado).
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Os paquifes serão constituídos por um friso de fichas, dados e cartas de jogar com os seus naipes de variadas cores (referência à mais vetusta e ainda viçosa actividade económica da cidade, o jogo de azar).
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Quanto ao grito de guerra proponho que seja, “num listel sobre o brasão”: “Ólhó carapau e sardinha frescaaaa!!!” alusão igualmente óbvia às actividades da pesca e da restauração.
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Já quanto à divisa não me ocorre nada, mas alguém de direito, e de jure, certamente achará algo a propósito.
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