Segundo o artista, já falecido, esta obra representa “uma sociedade hipócrita, corrompida internamente enquanto mantém um aspecto exterior irrepreensível”.
Contudo, para a boa sociedade tirolesa, o Papa himself e o Vaticano, a obra “feriu o sentimento religioso de muitas pessoas que vêem na cruz o símbolo do amor de Deus e da nossa salvação, que merece reconhecimento e devoção religiosa.”
A ideia destas boas almas bem-intencionadas e do governador da província, um nobre conservador que até já fez uma greve de fome contra o sapo crucificado, é a remoção da obra do museu onde está exposta.
“Arte ou blasfémia?” clama a imprensa. É curioso como esta não coloca a questão nos termos em que o fez aquando da reacção do mundo muçulmano ás caricaturas dinamarquesas do profeta: “censura ou coacção?”.
Talvez também seja curioso verificar até que ponto o trabalho deste artista alemão, (falecido em 1997, com 44 anos), que foi exposto na Tate Modern e na Galeria Saatchi, em Londres e na Bienal de Veneza e do qual estão em preparação duas retrospectivas em Los Angeles e Nova Yorque, terá com certeza valorizado no mercado internacional da arte…
Talvez este episódio tenha vindo, irónica e postumamente, confirmar a justeza da apreciação que o artista fez da sua própria obra.
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