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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Damien Hirst, o formol e as “variedades”

Como estão longínquos os tempos das vanguardas artísticas do século vinte! Nesses tempos, os artistas pretendiam criar novas linguagens, romper com o passado. Hoje em dia, com a cobertura cúmplice dos meios de comunicação de massas, sempre ávidos de noticiar mais um record ou outra bizarria, os artistas mais apreciados (literalmente), pretendem simplesmente, aparecer e enriquecer.
Não, não se trata de uma nova atitude ou de um renovado cinismo dada, não. Trata-se simplesmente da sociedade do espectáculo, no seu esplendor.
Não requer estudo, conhecimentos ou aptidões técnicas específicas. Apenas uma hábil manipulação de conceitos, umas noções básicas das regras do marketing e das sacrossantas leis do mercado. E algum atrevimento. Ousadia, concedo. É tudo muito conceptual (!).


Este, por exemplo, é mais rico do que Cristiano Ronaldo e quase tão rico como Amorim, o das cortiças e dos casinos (comparação escolhida por um jornal de massas para melhor se fazer entender pelo seu público consumidor).
A sua maior influência foi um negociante de arte, um marchand! Acaba de fazer algo “que o colocará na história da arte, desta vez não pela obra em si, mas pelo que decidiu fazer com ela”!!! Nem mais.
Quis fazer-lhe uma caricatura mas hoje não me apetece desenhar.
O retrato já lhe faz justiça.
A arte contemporânea é um retrato fiel do ar do tempo da nossa civilização: muito impacto, reduzida substância e nenhum espaço para fruição estética ou reflexão. Um número de casino no meio de um enorme circo mediático de variedades.
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