Correu bem. Quero dizer, não aconteceu nada de especial; nem um apelo ao crime ou à subversão da ordem instituída, nem um viva a anarquia ou um morra o dantas pim, nem sequer qualquer espécie de tumulto ou terramoto. O evento, anunciado durante semanas para a Biblioteca Pública Municipal e transferido na véspera para o Auditório, decorreu na mais perfeita normalidade.
O Auditório Madalena Biscaia Perdigão esteve cheio como um ovo – de calor humano e da mais selecta audiência, que ouviu com elegante e circunspecta urbanidade o meu amigo Daniel Abrunheiro dizer coisas que talvez eu não mereça.
Daniel, que é o melhor escritor português do século vinte e um e arredores (ele sabe - e disse-o – que eu sou tão parco em elogios como inflexível com a verdade) desvaneceu-me ao aceitar apresentar o meu pobre feixe de rabiscos e tentar disfarçar a minha irracional incapacidade para falar em público. “Fazemos assim” - disse-me ele: “tu grunhes como o de Niro e eu faço como o Billy Crystal”. Assim foi. E não podia correr mal. Não houve croquetes mas figos pingo-de-mel. No fim até assinei autógrafos. Os livros que sobraram estarão disponíveis à entrada dos espectáculos do EnCantar pela Paz, que acontecerão até ao fim do mês no Auditório Madalena Biscaia Perdigão.
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Daniel Abrunheiro, de cuja generosidade incompreensivelmente sou alvo desde os tempos em que ele foi cronista do jornal A Linha do Oeste, foi também o “padrinho” deste blogue (a posta inaugural, em 2007, foi um soneto que ele escreveu para ilustrar um desenho meu). O texto que escolhi para epígrafe do livro que lançámos também é de sua autoria e foi escrito para o folheto da minha primeira exposição de caricaturas em 2012 no tubo d'Ensaio d'Artes. Quanto aos seus livros, podeis encontrá-los nos sites das melhores livrarias ou em qualquer biblioteca pública que se preze.
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