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domingo, 17 de novembro de 2024

O esplendor do bacôco, “remeide” in Portugal


 

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Joana vasconcelos foi a Foz Côa visitar o museu do Côa e conhecer “a força das gravuras rupestres”. Em entrevista à agência Lusa, a artista disse “há um lado artístico extraordinário” naquelas representações pré-históricas.

Mas ainda disse mais.

Disse que a arte do Côa é “o início da portugalidade”.

As declarações foram feitas á margem do 1º Congresso Internacional sobre o Barroco.

Por outro lado, a artista confidenciou à Lusa que “encontrou uma cidade que se quer contemporânea” e daí ter aceitado expôr a instalação Jardim do Éden, que se encontra no centro cultural até ao fim do ano. A mesma instalação que esteve no Museu da Electricidade em Lisboa, no âmbito de uma exposição chamada “remade em Portugal”.

Joana não descartou a ideia de fazer uma criação inspirada na arte do Côa. “Há sempre algo que fica e vai contribuir para o meu futuro enquanto artista. Vir a Foz côa foi fundamental. A ideia de esplendor, que é uma ideia muito barroca, existe aqui na natureza.”

Foda-se. Estas coisas não se inventam. Vejam aqui a peça da agência Lusa que, não desfazendo, é ela mesma um verdadeiro pedaçod'arte e de autêntico jornalismo contemporâneo remeide in Portugal.

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domingo, 3 de novembro de 2024

Retrato de um canalha "sucialista"


 

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Vi que em Lisboa se alçaram povo baixo e villãos / contra os novos christãos /mais de quatro mil mataram / dos que houve ás mãos: / uns d'elles, vivos queimaram / meninos despedaçaram / fizeram grandes cruezas / grandes roubos e vilezas / em todos quantos acharam.

Garcia de Rezende


O povo-baixo português sempre teve os seus momentos altos. De fé em deus e ódio ao outro. A matança da Páscoa de 1506, em Lisboa, é um desses mui altos momentos; um dos episódios da gloriosa história de Portugal de que o partido Chega certamente se reclama, impante de orgulho e pundonor.

É claro que a arraia-miúda nunca se desinibe realmente sem uma aprovação vinda de cima. Em 1506 foram os frades dominicanos que galvanizaram as hostes do baixo-povo manuelino e abençoaram a santa coisa. Hoje em dia é o partidinho Chega e a comunicação social empresarial que instam o povo-baixo marcelino, sublimam-lhe o instinto reles, elevam-lhe a moral rasteira e os níveis de atrevimento - refinam-lhe o fel do fígado e injectam-lho no coração envinagrado - e assim o conduzem, com a pevide aos saltos, para novos e grandiosos empreendimentos.

Mas não é apenas o Chega. E já não é contra os judeus (estes agora até são migos e até entretêm também uma vasta cruzada, ou será estrelada?, em toda a Palestina). E agora não é por causa da seca e da peste.

Este gentio ignaro e alarve, precarizado e explorado, de uma covardia congénita e cabisbaixa, incapaz da redenção do raciocínio e ainda menos da dignidade da revolta, necessita de alguém que lhe aponte o culpado do seu mau-viver, do seu mal-estar gentrificado e da sua inconsciência da vida triste e sórdida.

Ricardo Leão, o autarca sucialista de Loures, é outro dos rostos hediondos da javardice que chamou a si esse acanalhado mester. O seu discurso javardo galvaniza as hostes da arraia-miúda marcelina, o povo-baixo do século XXI, e aponta-lhe o ressentimento e o rancor vingativo para ainda mais abaixo: contra alguém ainda mais explorado e mais mal-pago, ainda mais segregado, porque mais vulnerável (por não ser fluente da língua; por ter a pele de outro tom; por não ter competências reconhecidas; por não ter papeis, etc, etc.).

As hienas, como este Leão pervertido e sucialista, exigem sangue. E já escolheram a vítima. Para esta escumalha desclassificada, o preto é o novo judeu.

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nota de rodapé. Já tinha feito o retrato deste estafermo imbecil e oportunista, aqui, a respeito de outro dos seus propósitos rasteiros.

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sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Retrato (frontal) de um javardo fascista


 

O Chega é um partido javardo que representa um segmento assinalável de portugueses javardos com graves problemas de auto-estima.

O partido tem um discurso a condizer, bastante raso, velhaco e javardo; mas petulante e contentinho, para compensar. O seu estilo engraçadista e desmiolado de proferir aberrações como pretensos desabafos do homem-comum em forma de graçola (a graçola é um xiste sem espírito), tem feito o seu caminho na sociedade portuguesa - dando voz, e asas, fazendo sair do armário - onde esteve dormente mas latente - uma sensibilidadesinha desprovida de espírito, alarve e acéfala, carente de amor-próprio mas ufana de estupidez malévola e de ignorância odienta, ignóbil e ressabiada.

Pedro Pinto é o líder do grupo parlamentar do partido Chega. Isto quer dizer que é ele o porta-voz autorizado desta coisa. Pinto é um estafermo feioso que se parece com uma espécie de babuíno enxertado em grunho com cara de porcalhão. De cada vez que abre a boca, só diz merda, uma merda infame, nauseabunda e asquerosa; mas di-la com a jactância refocilante e satisfeita de um porco que pensa(!) que lança perfume - um perfume fétido e repugnante - a racismo; a machismo de capoeira; a caserna; a patriotismo de penacho, monóculo e pinguelim; a proxeneta de gravata; a puta velha e futebol rasca; a fadinho caga-cão; a touros sem morte, só com tortura; a presunção de regedor; a cagança de torcionário; a sopa-dos-pobres com água-benta, ranço e penitência; a fascismo paroquial. Um fedor a velho, a azedo, a ardido, a coirão apodrecido com ressaibos de sacristia e de todas as degenerescências do preconceito.

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Esta posta inaugura uma nova etiqueta neste blogue: o rosto hediondo da javardice - que é como vão passar a ser arrumados, aqui ao lado na prateleira, toda a sorte de retratos de javardos, cheganos, liberais de iniciativa e fascistas em geral. A série inclui ainda este retrato de grupo, e este, e este, ambos expoentes do nacional-engraçadismo.

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terça-feira, 22 de outubro de 2024

Retrato de um imbecil (com memória descritiva)


 

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Fernando Manuel de Almeida Alexandre nasceu em 1972.

É licenciado e mestre em Economia pela Universidade de Coimbra e doutor em Economia pela Universidade de Londres, Birkbeck College, Reino Unido, em 2003.

É Professor Associado com Agregação da Universidade do Minho.

Foi de Pró-Reitor da Universidade do Minho, presidente da Escola de Economia e Gestão e diretor do Departamento de Economia.

Foi vice-presidente do Conselho Económico e Social.

Foi consultor da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

É investigador e autor ou coordenador de oito livros sobre a economia portuguesa, tendo publicado ainda artigos em revistas científicas internacionais.

Foi consultor de entidades públicas e privadas, como a Comissão Europeia e o Governo português.

Foi Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna no XIX Governo Constitucional, de 2011 a 2015.

Colabora regularmente com os meios de comunicação social.


O curriculum (ou cadastro) que acabais de ler foi retirado ipsis verbis do portal (ou lá o que é) do Governo de Portugal. Foi o que me surgiu, à cabeça, na pesquisa que fiz quando me propus desenhar o retrato deste doutor e mestre em economia escolhido por Luís Montenegro para ministro da educação nacional do XXIV Governo Constitucional.

Para o retrato ficar acabado, ou seja, para que possais ficar com uma ideia mais aproximada e abrangente da densidade, ou espessura, intelectual de sua excelência, tomei a liberdade de lhe acrescentar, com a devida vénia, a primeira parte de uma peça do jornalista Fábio Monteiro, da Renascença (podeis lê-la na íntegra aqui). Eis, pois, a pincelada final:


A revisão do currículo da disciplina de Cidadania “não é o tema mais importante do sistema educativo”: eis a primeira reação do ministro da Educação, Fernando Alexandre, ao anúncio feito por Luís Montenegro, no domingo, durante o encerramento do Congresso do PSD.

O primeiro-ministro prometeu “libertar” as “amarras ideológicas” da disciplina – que entrou para o currículo escolar em 2017, pela mão do ex-ministro socialista Tiago Brandão Rodrigues.

Em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira à tarde, Fernando Alexandre afirmou: “Não é o tema mais importante do sistema educativo. Mas se tem gerado algum ruído e se gera algum mal-estar nas famílias, sobretudo em relação a determinados conteúdos, lecionados de determinada maneira, em particular em idades mais iniciais do 1.º e 2.º ciclos, então vamos olhar com atenção para isso.”

E lembrou que a avaliação e a revisão curricular em curso é para todas as disciplinas do ensino básico e secundário.

Questionado sobre queixas em concreto, Fernando Alexandre referiu apenas que são alguns dos temas em torno da Educação Sexual que “não são consensuais”, em particular nos primeiros anos de escolaridade.

Instado a dar um exemplo, não foi capaz.

Não consigo”, disse.(...)”

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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O poder, o jornalismo que faz carreira sem carteira e (ou) o charme discreto da burguesia


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Montenegro quer jornalismo sustentável, tranquilo, menos ofegante e sem perguntas sopradas (título de uma notícia do Correio da Manhã).

O primeiro-ministro falava no final da intervenção com cerca de trinta minutos, feita de improviso, na abertura da conferência sobre " O futuro dos Media" em Lisboa, perante uma plateia com muitos presidentes de empresas de orgãos de comunicação social nacionais e de dezenas de jornalistas.

Logo a seguir, Montenegro concedeu uma entrevista no seu gabinete a esse ícone do jornalismo sustentável, tranquilo, menos ofegante e sem perguntas sopradas que é Maria João Avillez. A senhora Avillez é realmente uma figura incontornável, não exactamente daquilo que eu considero jornalismo mas de todo um outro género: o que faz carreira sem carteira, e até já mereceu uma posta neste blogue, em 2014, com retrato, verbete, e tudo.

No entanto, e apesar de apesar, o incrível pastoreio de improviso que o senhor Montenegro acaba de cometer diante de toda a gente não é nada que o senhor Santana Lopes já não tenha perpetrado, também de improviso porém mais recatadamente, ao seu nível, na regional (estou a referir-me ao jornalismo regional, na Figueira da Foz). Como também referi aqui, a 15 de dezembro de 2022, Santana também reuniu com os presidentes de empresas de órgãos de comunicação social local e disse-lhes, timtim por timtim, como gostava do jornalismo, sustentável, tranquilo, menos ofegante e sem perguntas sopradas. Depois disso, só concede entrevistas ao Jot'Alves, do "jornal" Asbeiras que, não desfazendo, também são uns ícones, mas também não exactamente daquilo que eu chamo jornalismo.

Ou seja, a vida do senhor Santana Lopes na Figueira agora é um descanso e o seu desempenho na câmara municipal um passeio de fim-de-semana (sustentável, tranquilo, menos ofegante e sem perguntas sopradas).

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