A bela cidade da foz do Mondego, fiel à tradição, já não muito recente, de ser “balão de ensaio” para “gestas” colectivas abrangentes, curiosamente sempre de feição “regeneradora”, acaba de dar à luz outro destes fenómenos.
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Medina Carreira, o filósofo do tremendismo, veio outra vez à Figueira e ao seu casino (que, depois do jantar se encheu, como de costume, de uma selecta audiência que o ouviu, enlevada) enunciar uma nova e curiosa filosofia que dá todo o primado à economia (mais à finança, sobretudo à alta) em detrimento da política, ou da ideologia.
Medina Carreira, o filósofo do tremendismo, veio outra vez à Figueira e ao seu casino (que, depois do jantar se encheu, como de costume, de uma selecta audiência que o ouviu, enlevada) enunciar uma nova e curiosa filosofia que dá todo o primado à economia (mais à finança, sobretudo à alta) em detrimento da política, ou da ideologia.
.Ao invés da filosofia “tradicional”, cujo foco de reflexão é o “ser”, o fulcro da reflexão deste génio do pensamento abstracto situa-se, exclusiva mas paradoxalmente, no conceito de “ter”; embora também condescenda em reflectir, ainda que circunstancialmente, sobre o conceito de “haver”.
.Trata-se pois de uma estirpe totalmente desconhecida, até agora, de materialismo; Ou seja, neste sentido a coisa apresenta-se como uma espécie de marxismo, só que invertido; isto é, ao contrário deste, nada tem de “científico” ou “histórico”. Trata-se mais de uma coisa mística, uma nova teoria de libertação (tem propósitos redentores), só que às avessas.
Ao contrário de Karl Marx, que escreveu “Das Kapital”, o “Manifest der Kommunistischen Partei” e o caralho, Medina Carreira não escreve nada fundamentado ou sequer propagandístico - ele fala; dá palestras nos casinos. A sua boca é uma torneira a deitar enormidades; que não caem em saco roto: a sua audiência é um imenso balde sem fundo e de boca aberta.
Ao contrário de Karl Marx, que escreveu “Das Kapital”, o “Manifest der Kommunistischen Partei” e o caralho, Medina Carreira não escreve nada fundamentado ou sequer propagandístico - ele fala; dá palestras nos casinos. A sua boca é uma torneira a deitar enormidades; que não caem em saco roto: a sua audiência é um imenso balde sem fundo e de boca aberta.
.E claro, como todo o messias, também tem os seus convertidos, prosélitos e divulgadores. O director do jornal “O Figueirense” (que como se sabe é a voz da empresa que detém a empresa que detém o casino que patrocina as palestras e a carreira de Medina) é um deles.
Como S. Paulo, o apóstolo, é ele que - em esclarecedoras epístolas aos figueirinhas - vai explicando (o mestre “não gosta de particularizar”) e espalhando por toda a parte a boa-nova do novo messias.
Como S. Paulo, o apóstolo, é ele que - em esclarecedoras epístolas aos figueirinhas - vai explicando (o mestre “não gosta de particularizar”) e espalhando por toda a parte a boa-nova do novo messias.
A Praia da claridade continua pois, fiel aos seus pergaminhos. Uma verdadeira Meca de cretinos. E Medina é o seu profeta.
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