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Como já referi aqui, penso
que o deleite estético como experiência sensorial proporcionada pela arte contemporânea - conceptual - é como o orgasmo da frigidez: fingido, snob e por sugestão auto-induzida; só se "chega lá" através de vasta literatura anexa.
Mas David Hockney não pertence a esta tradição. Hockney é
um dos maiores artistas vivos.
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Ao contrário de Marcel Duchamp, David Hockney não é um
filósofo que questiona a arte, é um artista que questiona a vida. Ao contrário
de Duchamp (e dos seus herdeiros), Hockney não tem pruridos com o prazer retiniano nem com o labor oficinal.
Ele é um dos últimos de uma longa linhagem de artistas
para quem o acto de ver é tão fundamental como o de fazer; e é isso que ele faz:
observa e faz, dá a ver. Para isso serve-se, com as mãos ambas, de todas as
técnicas tradicionais conhecidas e até de tecnologia de ponta.
A sua obra é um imenso prazer para a vista; um
espectáculo de petites sensations fundamentais, como sentir e raciocinar. Ou seja, é um privilégio para a inteligência.
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