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sábado, 23 de maio de 2020

Fritz Lang


Quando a humanidade, subjugada pelo temor da delinquência, 
se tornar louca por efeito do medo e do horror, 
e quando o caos se converter em lei suprema, 
então terá chegado o tempo para o Império do Crime.
Fritz Lang, in O Testamento do Dr. Mabuse
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Adoraria ter feito filmes em 1920, ter vinte anos nessa altura. Ter tirado partido da época dos pioneiros. Quando comecei, o cinema era já coisa arqueológica, já tinha uma história, já havia escolas de cinema e já se tinha estabelecido há muito o processo de o intelectualizar. Nos seus primeiros tempos o cinema pertencia à feira e eu ainda o sinto um pouco assim.” – escreveu Fellini no seu “Fellini conta Fellini".
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Fritz Lang foi um desses pioneiros. Foi ele um dos que tirou o cinema da feira para o tornar no que, como ele próprio referiu - poderia ter sido uma arte, estabelecendo os cânones intelectuais do que viria a ser uma nova linguagem de causar sensações. Sem ele não teria havido Alfred Hitchcock, nem Luís Buñuel. 
Foi a ver os filmes de Lang que ambos descobriram as suas vocações. Buñuel escreveu mesmo, em “O meu último suspiro”: “Foi ao ver As três luzes que senti, sem sombra de dúvida, que queria fazer cinema. Não eram as três histórias propriamente ditas que me interessavam, mas sim o episódio central, a chegada daquele homem de chapéu negro – apercebi-me logo de que se tratava da morte – a uma vila flamenga, e a cena do cemitério. Houve algo neste filme que me tocou profundamente, iluminando a minha vida, sentimento esse que foi confirmado ao ver outros filmes de Fritz Lang, como, por exemplo, Os Nibelungos e Metrópolis.”
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Não é pouco, convenhamos. Por isso vale a pena rever, se se puder, todos os filmes de Lang. Nestes lúgubres e novos tempos de crescente fanatismo e indiferente estupidez, há algo de novo, de iniciático, em rever alguém fazendo as coisas pela primeira vez. Ilumina uma vida.
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