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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Maria Velho da Costa (1938-2020)


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Todo o amor é abolição de limites até do próprio corpo
in Corpo verde
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Conheci Maria Velho da Costa num pequeno livro de poemas eróticos ilustrado por Júlio Pomar. Trata-se de Corpo Verde, uma edição de 1979, com 46 páginas, que eu ainda conservo como um dos mais preciosos tesouros da minha pobre biblioteca. Na época (por volta de 1980) eu tinha dezoito anos, era então um jovem com veleidades artísticas e o que me levou a adquiri-lo foram, confesso, os desenhos - a carvão, de uma factura quase caligráfica e intuitiva numa soberba liberdade de improviso e de evocação - de Pomar. Foram eles que me levaram a Maria Velho da Costa.
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Foi a descoberta de algo totalmente novo para mim (como referi, eu era um tanto verde, receio, tanto de corpo como de espírito). O erotismo no feminino. O sexo, na óptica da fêmea - na voz (pela palavra) de uma mulher. Sem arroubos pseudo-místicos ou sentimentais, nem eufemismos nem lugares-comuns nem vulgaridades vácuas. 
Não há nada mais magnífico e belo do que uma mulher adulta completamente livre, com voz própria e potente, e talento a condizer e que não se importa de os usar.
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