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Há vários “tipos” ou “modelos” de autarcas. Isto é,
existem no país profundo muitas
formas, ou maneiras, algumas muito
pitorescas, de representação política.
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Assim, temos o mais conhecido que é o "autarca-dinossauro".
Trata-se de um género muito comum porque é o mais adaptado ao gosto genuíno do
eleitor portuga - em geral este é conservador,
ou seja, não gosta de mudança, acha sempre que nunca existe alternativa credível; uma filosofia
política que aliás se consubstancia na máxima, popular, muito conhecida: “pra
pior já basta assim”. Geralmente este autarca morre invicto, de tédio, após
um ror atroz de mandatos consecutivos e melancólicos enquanto os seus munícipes
vivem felizes e bem-aventurados sem saberem de nada.
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Depois, temos o “autarca-modelo” propriamente dito, que é
uma espécie de ideal para venda; um
modelo ideal para convencer os “fregueses” mais recalcitrantes: um pouco como o
“andar-modelo” dos empreiteiros (depois digam que não sou óptimo com as
analogias).
Devo dizer que tanto neste como no anterior modelo, cada
partido tem os seus protótipos, adaptados aos terroirs e eleitores específicos de cada região.
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O que eu não conhecia era o "modelo-Moita-Flores".
É o último grito. Ao contrário do autarca-dinossauro e do
autarca-modelo, este não ganha raízes. Trata-se de um modelo de político local
que adere a qualquer local. É, receio, uma espécie de autarca-universal (não
sei se me estão a acompanhar), um autarcamóvel.
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Moita Flores himself
foi eleito pelos pacóvios de Santarém por dois mandatos. Todavia pouco pára por
lá por via dos seus compromissos mediáticos (Moita é especialista numa data
de merdas, o que faz que quando acontece uma merda qualquer as televisões têm
logo que o ouvir porque ele é especialista e porque também estão sempre a
acontecer merdas, o que só ele sabe explicar) e porque sofre imenso de uma
doença muito lá dele que se agrava com o stress.
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Pediu para lhe pagarem metade do ordenado porque, para se
tratar, cada vez mais raramente punha os côtos nos paços do concelho
escalabitano. Entretanto, chegou a reforma antecipada que, num belo dia de 2011, tinha pedido porque estava farto da política, “um mundo de medos e de mesquinhez”, porque também queria mais tempo para se tratar do stress de uma
doença muito lá dele e também para ter tempo para os seus compromissos merdiáticos
e literários. Sim porque Moita é escritor (continuam a seguir-me?) escreve
enredos de telenovelas e outras tramas light
muito apreciadas por leitores pouco exigentes - mais ou menos como a maioria
dos eleitores de Santarém.
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Entretanto, pediu a suspensão do mandato que a maior
parte dos eleitores de Santarém lhe confiaram e estes viram a dívida da sua
bela e gótica cidade upa-upa duplicar.
Ah, e recebeu o “honroso” convite do PSD para se
candidatar à autarquia de Oeiras - É nisto que estamos.
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É claro que Moita aceitou porque, à primeira vista, a
coisa lhe parece só flores.
Senão vejamos: Oeiras elegeu repetidamente Isaltino
de Morais, um corrupto condenado pelos tribunais e ilibado pelas prescrições – de
onde se infere que apesar deste ser o concelho com maior número de licenciados
do país o seu eleitorado parece ser tão pouco exigente e pacóvio como o de
Santarém - o que para Moita deve ser, humm, digamos de certo modo, tranquilizador.
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Last but not least, em Oeiras a política
não é “um mundo de medos e de mesquinhez” - além disso fica longe dessa selva que é a lezíria e muito mais perto
das televisões, pelo que Moita pode levar a vidinha sem stress, escrevendo enredos
leves, reflectindo solenemente sobre “os nossos destinos colectivos” no seu blogue confessional “projétil” e dando bitaites especializados às televisões; o
que, convenhamos, deve ser muito bom para os divertículos intestinais de que padece.
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1 comentário:
Um 'post' exemplar!...
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